A Antimaçonaria
Antimaçonaria é
um movimento coordenado, mas autônomo, nascido principalmente nos EUA em meados
do século XX e formado quase majoritariamente por fundamentalistas religiosos
ou ex-maçons, os quais enveredam para a crítica à Maçonaria por diversos
motivos alegados. Há também ação antimaçônica organizado por específicos
movimentos políticos, cujo maior afloramento ocorreu na Europa para defesa de
sua manutenção contra a Maçonaria, vista como opositora natural destes. À parte
destes âmbitos religiosos e políticos há também o que se poderia denominar de
“antimaçonaria popular” que seria composta pelas opiniões convergentes de
indivíduos influenciados por estes e que reproduzem o discurso antimaçônico no
âmbito local de suas relações interpessoais
Esta coordenação
da Antimaçonaria não deve ser interpretada como se existisse um órgão central
que oriente a ação antimaçônica mundial, centralizando as formas de ação, mas
antes se dá pelo fato de seguirem uma metodologia semelhante e tomarem decisões
similares, seja no âmbito religioso seja no político, de modo que mesmo
separados ideologicamente é possível traçar pontos de contato entre eles que
forneçam uma identidade cognoscível ao pesquisador.
Verdade que já
existiram movimentos religiosos e políticos antimaçônicos anteriores ao século
XX ou mesmo no seu início (há relatos que em 1738 a Igreja Católica já se
opôs à Maçonaria por considerá-la anticristã por meio da Bula In Eminenti), mas
quase sem exceção todos faziam parte de movimentos políticos totalitaristas que
pretendiam garantir-se no poder, tais como o Salazarismo, o Fascismo, o
Nazismo, o Socialismo e o Comunismo (este determinou a eliminação da maçonaria
no 4º Congresso da III Internacional, em novembro de 1922). Todos proscreveram
a Maçonaria de suas terras para que os homens não tivessem um organismo neutro
no qual se apoiar contra alguma forma de Ditadura .
Algumas
expressões políticas norte-americanas, notadamente a fundação do Partido
Antimaçônico no séc. XIX, apesar de não transparecerem influência religiosa mas
meramente política, principalmente depois da repercussão do Caso Morgan em
1826, podem ter sido deflagradas como consequência dos movimentos religiosos já
vistos até então.
Acusada de ser
atualmente formada por fundamentalistas religiosos a Antimaçonaria preza pela
reputação de seus representantes e exporta para o Brasil esta ideologia, o que
pode sugerir que a Maçonaria seja uma coisa só em todos os lugares onde esteja e que esta
“coisa” é “anticristã” ou politicamente revolucionária.
Detalhe da nota
de um dólar americano.
A maioria dos
religiosos brasileiros já ouviu falar ou leu artigos de pessoas como Pat
Robertson (conhecido por afirmações polêmicas sobre vários temas), David Bay,
William Schnoebelen (cristão fundamentalista estadunidense que afirma ter sido
satanista), Edward Decker e John Ankerberg, que são os mais expressivos
expoentes da Antimaçonaria religiosa norte-americana.
De fato a
Maçonaria tem três correntes principais: a Regular, a Irregular e a
Paralela/marginal/espúria e sem que haja uma análise crítica sobre a identidade
do tipo de Maçonaria com a qual os antimaçons tiveram contato, a tendência é a
anular a diferença entre elas e atacar a todo movimento maçônico
indistintamente pois afirmam que esta diferença nada mais seria que um meio de
enganar aos menos atenciosos e simular uma rivalidade “intramaçônica” para que
aquela vertente que parecesse mais afeita ao contexto social se inserisse neste
meio e instilasse suas estratégias religiosamente sincréticas ou politicamente
subversivas.
Maçonaria
Regular seria aquela de origem católico-protestante, iniciada como
"Operativa" por volta de 1356 e tornada "Especulativa" em 1717, a qual sempre esteve
ligada ora a Igreja Católica ora aos Protestantes quando a primeira se lhes fez
oposição. Atualmente ela se apresenta como neutra em assuntos políticos e
religiosos, atendo-se precipuamente aos estudos de filosofia moral pela ótica
dos filósofos que existiram desde a Antiguidade até a época presente e mantém
seu liame histórico ligado à Grande Loja Unida da Inglaterra e tem
tradicionalmente na Bíblia Cristã a sua fonte de explanações morais e
metafísicas e fonte da Lei Universal de Deus.
A Maçonaria
Irregular pode-se dizer que se compõe de todos os maçons, Lojas e Potências que
não sejam reconhecidos pela Grande Loja Unida da Inglaterra. Abarcam também as
chamadas "maçonarias mistas" e "femininas" e pessoas
ateias, além de contar com elementos de misticismo totalmente incompatíveis com
as origens da Maçonaria Regular. E principalmente aliciamento pela Internet,
com Lojas virtuais e sites de maçonaria irregular. Sem dizer nos valores vultuosos que cobram pela "jóia" de iniciação. E nada tem de valor perante à Maçonaria Regular.
A maçonaria tem o jeito
próprio de convidar os iniciados e regras claras.
Alguns defendem
que o filão descrito como "maçonaria paralela" não deveria utilizar o
título "Maçonaria", pois possuem supostamente elementos
contraditórios à Maçonaria regular, como, por exemplo, a aceitação em seu meio
de místicos pagãos, tal qual bruxos, satanistas, luciferianos e outras
correntes similares. A grande maioria dos bruxos do século XIX dela fizeram
parte, tais como Eliphas Lévi, alguns teósofos, Annie Besant, Aleister Crowley
(o mais famoso deles), Reuss e Anton LaVey, entre outros mais.
Os defensores da
Maçonaria afirmam que os antimaçons usam aquilo que leem dos escritos dos
"maçons paralelos" (que segundo aqueles, em sua maioria, seriam
anticristãos e satanistas) para fundamentar as bases da Antimaçonaria, o que a
tornaria inapta para validar toda a Maçonaria, ao que a Antimaçonaria afirma
que a diferença entre elas é meramente aparente e uma forma de dissimulação, de
modo que mesmo que a análise seja feita apenas usando um autor notadamente
esotérico ou anticristão, o argumento antimaçônico é válido para toda
organização que siga a filosofia maçônica.
Os antimaçons
principiam seus ataques à Maçonaria questionando a sua visão religiosa e sua
atuação política.