O número de filhos por mulher caiu 26% nos últimos 14 anos no Brasil,
passando de 2,39 filhos por mulher para 1,77, entre 2000 e 2013. Junto à queda
na taxa de fecundidade, aumentou o porcentual de mulheres sem filhos no país,
evento que é maior entre as de pele branca, das regiões Sul e Sudeste e mais
escolarizadas, segundo a SIS (Síntese de Indicadores Sociais) 2014, do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quarta-feira
(17) e baseada em cruzamentos de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios) 2013.
De acordo com dados da Pnad, em 2013, 38,4% das mulheres de 15 a 49 anos
não tinham filho. Entre as mulheres de 25 a 29 anos, no mesmo ano, 40,4% não
tinham filho, um aumento de 24% em relação à taxa de fecundidade de mulheres da
mesma faixa etária em 2004, quando 32,5% não tinham nenhum filho.
Entre as jovens de 15 a 19 anos, verificou-se que 89,3% não tinham filho
em 2013; já no grupo formado pelas mulheres de 45 a 49 anos, 12,5% permaneciam
sem filhos.
Nortistas e
nordestinas têm mais filhos
Em alguns Estados do Norte e do
Nordeste, o índice de fecundidade mostrou-se maior do que a média nacional em
2013, de 2,1 filhos por mulher. No Acre,
o maior índice, foi apontado 2,59 filhos por mulher, no Amapá 2,42,
no Amazonas, 2,38, em Roraima,
2,34, no Maranhão, 2,28, e no Pará,
2,20.
As menores taxas de fecundidade do
país em 2013 estiveram em alguns Estados do Sudeste, Sul e no Distrito
Federal.
Em Santa
Catarina, o Estado com o menor índice, foi apontado 1,58 filho
por mulher, no Distrito Federal, 1,59, no Rio
Grande do Sul, 1,60, no Rio
de Janeiro, 1,62, em São
Paulo e em Minas
Gerais, 1,63.
Mulher sem filho: maioria
branca e escolarizada
A cor ou raça da mulher e o nível de escolaridade mostrou ter influência
também no fato de não ter filho. Em 2013, entre as mulheres brancas de 15 a 49
anos, 41,5% não tinham filhos, enquanto entre as pretas ou pardas o percentual
foi de 35,8%.
A diferença proporcional é ainda maior entre as mulheres brancas,
comparada às negras de 25 a 29 anos. Enquanto entre as brancas a proporção das
mulheres sem filho foi de 48,1%, entre as pretas ou pardas foi de 33,8%.
Em relação à escolaridade, entre as mulheres de 15 a 49 anos de idade
com mais de oito anos de estudo, 44,2% não tiveram filhos em 2013, enquanto
entre aquelas com até sete anos de estudo essa proporção foi de 21,6%.
A escolaridade entre as mulheres de 25 a 29 anos mostrou uma
desproporção ainda maior. Entre as menos escolarizadas, 16,3% não tinha filho,
enquanto entre as mais escolarizadas 45,5% não eram mães. A proporção de
mulheres entre 45 e 49 anos sem filhos foi de 8,2% em 2013 entre aquelas com
menor escolaridade e 15,1% entre as que tinham mais anos de estudo.
Mães jovens estudam
menos
Já entre as mulheres mais jovens, as que estudavam mais tinham menos
filhos do que as que estudaram por menos tempo. Entre as mulheres de 15 a 17
anos que não tinham filho, 88,4% estavam estudando; enquanto entre aquelas que
tinham um filho ou mais, 28,4% estudavam, segundo o levantamento.
Entre as mulheres de 18 a 24 anos, 41,5% daquelas que não tinham filho
estavam estudando, enquanto 12,7% não estudavam e não tinham o ensino médio
completo, e 45,8% não estudavam, mas tinham pelo menos o ensino médio completo.
Na mesma faixa etária, entre aquelas que tinham filho, somente 11,2% estudavam,
enquanto 54% não iam à escola, mas tinham cursado o ensino médio incompleto, e
34,8% não estudavam e tinham pelo menos o ensino médio completo.
No grupo de mulheres com 25 a 29 anos, a proporção das que estavam
estudando ou daquelas que não estudavam, mas tinham ao menos o ensino médio
completo, era maior entre as que não tinham filho.
Cai número de casais
com filhos
Em 2013, houve uma queda na proporção de casais com filhos no Brasil em
comparação a 2004, quando o porcentual era de 50,9%. Em 2013, houve uma queda
de 13,8%, passando para 43,9%.
A redução na proporção de casais com filhos na região Norte foi de 11%,
inferior à observada para as demais regiões do país, o que justifica a
manutenção de um percentual elevado deste tipo de arranjo familiar em 2013
(47,9%), quando comparado com a região Centro-Oeste (42,8%), por exemplo.
Embora a região Sul possua a maior proporção de famílias compostas por
casal sem filho (23% em 2013 em relação a 18% em 2004) a maior variação
percentual entre 2004 e 2013 ocorreu na região Norte (com atuais 17,3%
ante 12,1% em 2004). O maior crescimento do Norte e Nordeste nos últimos anos,
com a incorporação de novos hábitos e valores, pode ser um indicador da
mudança, na visão do IBGE.
Como consequência dessas mudanças, cresceu a proporção de casais sem
filhos em todas as regiões do país em 2013. Na região Nordeste, passou de 12,9%
em 2004 para 17,7% em 2013; no Sudeste foi de 14,8% em 2004 para 19,3% no ano
passado e no Sul passou de 18% para 23%.
Esse crescimento foi expressivo nos
Estados de Roraima, Tocantins,Piauí e Minas
Gerais, quando comparado com 2004, onde a proporção de casais sem filhos
era inferior ao observado em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Taxa de fecundidade das brasileiras
1,77
filho por mulher
foi a média de filhos por mulher no
Brasil em 2013
2,39
filhos por mulher
foi a média de filhos por mulher no
Brasil em 2004
2,59
filhos por mulher no
AC
em 2013, a maior taxa de fecundidade
do país
1,58
filhos por mulher em
SC
em 2013, a menor taxa de fecundidade
do país
38,4%
das mulheres de 15 a
49
anos não tiveram filhos em 2013
41,5%
das brancas até 49
anos
não tiveram filhos em 2013
35,8%
das negras até 49
anos
não tiveram filhos em 2013
44,2%
das mais
escolarizadas
de 15 a 49 anos não tiveram filhos em
2013
21,6%
das pouco estudadas
de 15 a 49 anos não tiveram filhos em
2013
Fonte: IBGE