A gestão por competências não é simplesmente
uma forma de administrar, mas um meio muito eficaz de desenvolvimento de
talentos nas empresas. Através dela podemos orientar as ações das pessoas no
intuito de se construir uma organização eficaz, ou seja, aquela que atinge as
suas metas e seus objetivos traçados.
Este tema tem recebido muita ênfase por ser de suma
importância para o funcionamento com excelência das empresas. Ao negligenciar
este tema, a empresa estaria abrindo mão de se tornar mais competitiva e
de, inclusive, definir com clareza sua área de atuação mais forte no mercado.
No fim da Idade Média, a expressão competência era
associada essencialmente à linguagem jurídica. Competência dizia respeito à
faculdade atribuída a alguém ou a uma instituição para apreciar e julgar certas
questões.
Os juristas declaravam que determinada corte ou
indivíduo era competente para um dado julgamento ou para realizar certo ato.
Por extensão, o termo veio a designar o reconhecimento social sobre a
capacidade de alguém pronunciar-se a respeito de determinado assunto. Mais
tarde, o conceito de competência passou a ser utilizado de forma mais genérica,
para qualificar o indivíduo capaz de realizar determinado trabalho
(ISAMBERT-JAMATI, 1997).
Duram (1999), divide as
competências em três dimensões:
Conhecimentos (informação, saber o quê, saber o
porquê); Habilidades (técnica, capacidade, saber como); Atitudes (querer fazer,
identidade, determinação).
Percebe-se então que a competência não se limita a
um conjunto de habilidades que alguém possui, mas envolve todos os seus valores
e crenças que influenciam sua conduta e direcionam todos os seus
relacionamentos e decisões.
As competências podem ser classificadas como
humanas (relacionadas ao indivíduo) ou organizacionais (relacionadas à
organização).
Vale ressaltar que é o conjunto de competências
profissionais que sustenta a competência organizacional. Não haverá competência
organizacional onde não houver competência profissional.
A preocupação das organizações em contar com
indivíduos preparados para o desempenho eficiente de determinada função não é
recente.
Taylor (1970) já alertava, no início deste século,
para a necessidade das empresas contarem com “homens eficientes”, ressaltando
que a procura pelos competentes excedia à oferta. À época, baseadas no
princípio taylorista de seleção e treinamento do trabalhador, as empresas
procuravam aperfeiçoar em seus empregados as habilidades necessárias para o
exercício de atividades específicas, restringindo-se às questões técnicas
relacionadas ao trabalho.
Posteriormente, em decorrência de pressões sociais
e do aumento da complexidade das relações de trabalho, as organizações passaram
a considerar, no processo de desenvolvimento profissional de seus empregados,
não só questões técnicas, mas, também, os aspectos sociais e comportamentais do
trabalho. (HUGO PENA BRANDÃO E TOMÁS DE AQUINO GUIMARÃES)
Quando uma empresa define o perfil de
competências individuais para o ocupante de uma função, está também
explicitando as suas expectativas com relação ao comportamento, posturas,
habilidades e conhecimentos que os profissionais precisam possuir para a
realização eficaz de seu trabalho.
Três categorias de competências individuais são
valorizadas e desenvolvidas contribuindo de maneira significativa para a
formação das competências organizacionais: competências pessoais, competências
técnicas e competências gerenciais.
Ao definir as competências
individuais existentes na empresa, pode-se também definir a principal
competência da organização como um todo.
Uma empresa só pode ter uma competência
organizacional, obviamente, se seus profissionais apresentarem esta mesma
competência.
O modelo de gestão por competência deve iniciar a
partir da definição dos objetivos estratégicos da empresa com base em sua principal
competência.
Alguns fatores relevantes não devem ser
negligenciados na definição dos objetivos, tais como: A missão (razão de
existir), a visão (situação futura desejada) e os valores (compromisso ético).
O perfil de competências é um fator determinante no
processo de alinhar as competências individuais com os objetivos estratégicos
da empresa.
Uma empresa que não possui uma gestão clara e
definida poderá se confundir e perder tempo desnecessário sem conseguir
estabelecer metas e objetivos claros, e ao mesmo tempo, sem utilizar a máxima
potencialidade de cada profissional. Poderá possuir profissionais atuando em
direção oposta ao que se deseja alcançar.
A implantação de um processo de gestão
por competências demanda investimento de tempo e recursos em treinamento.
Estes recursos investidos trarão benefícios a
empresa a longo prazo, pois desenvolve o seus colaboradores e conseqüentemente
as sua produtividade com qualidade.
Modernamente, o treinamento é considerado um meio
de desenvolver competências nas pessoas para que se tornem mais produtivas,
criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos organizacionais
e se tornarem cada vez mais valiosas. Assim, o treinamento é uma fonte de
lucratividade ao permitir que as pessoas contribuam efetivamente para os
resultados do negócio. Nesses termos, o treinamento é uma maneira eficaz de
agregar valor às pessoas, à organização e aos clientes. (CHIAVENATO, 2004)
Segundo Idalberto Chiavenato, existe uma diferença
entre treinamento e desenvolvimento de pessoas. Um treinamento poderá
ser orientado apenas para o presente, mas o processo de desenvolvimento gera
benefícios para o futuro criando alternativas para novos cargos e novas
habilidades na organização.
O desenvolvimento de competências
tem justamente a perspectiva de desenvolvimento contínuo e crescimento na
empresa.
O treinamento por competências se fundamenta no
mapeamento das competências essenciais necessárias ao sucesso da organização.
São definidas, de maneira clara, todas as competências (organizacional,
divisional e individual) de forma que todos compreendam. Depois deste processo
os programas de treinamento podem ser estabelecidos.
Uma empresa, olhando o seu ambiente, os seus
fornecedores, os seus clientes, tem todo um posicionamento estratégico.
Se olhar para dentro da organização, ela conhece
seus recursos, as competências que ela tem para fazer frente a essa estratégia.
Estou falando das competências organizacionais.
A partir daí, a empresa pode começar a pensar quais
são as competências de que precisa em seus funcionários. E trabalhar a gestão
de pessoas, ou seja, as áreas de desenvolvimento, carreira e remuneração, de
modo consistente com esse desenvolvimento de competências. (MARIA TEREZA LEME
FLEURY, 2005)
A competitividade de uma empresa
está muito mais relacionada às suas competências internas do que a sua visão de
mercado.
São as competências organizacionais que
possibilitam o potencial de diferenciação latente nos mercados. Vale ressaltar
que as competências organizacionais estão diretamente ligadas às competências
individuais que agregam expressivo valor ao negócio.
O treinamento por competências irá desenvolver as
competências desejadas pela organização, por isso existe a importância do
prévio mapeamento das competências essenciais ao sucesso da organização.