A primeira questão que o governo precisa descobrir, para obter sucesso no combate ao uso e ao tráfico de drogas, é saber quem é causa e quem é consequência.
A questão principal é: usa-se drogas porque elas estão à venda?... Ou vende-se drogas porque existe a procura?...
Se o governo descobrir e concentrar os esforços diretamente sobre as causas, as consequências também cessarão.
Analise o exemplo abaixo e talvez ele nos ajude a descobrir as respostas corretas.
Imagine um jovem pobre, com pouca instrução, morador de favela, sem perspectivas de bom emprego e que eventualmente passe necessidades.
Imagine outro jovem, porém rico, morador de bairro chique e que normalmente tem tudo o que deseja.
Aconteceu de um deles se transformar em traficante e do outro se transformar em viciado.
Considerando as características brasileiras, qual dos dois se tornou o traficante?
Parece elementar que foi o jovem que mais precisava de dinheiro, o jovem pobre da favela.
Parece compreensível também que o jovem rico tenha se inclinado por prazeres alucinantes, uma vez que já tinha de tudo e poderia estar enfadado dos prazeres comuns.
A grande questão é saber quem induz a quem a se envolver com as drogas. Será que foi o jovem pobre, e de pouca educação que convenceu o jovem rico, ou será que foi o jovem rico e de muita educação que convenceu o jovem pobre?
A segunda questão é: Considerando a realidade brasileira, que tipo de influência um traficante de favela poderia exercer sobre famosas atrizes, cantores e personalidades artísticas em geral, levando-os ao vício e a dependência?... Seria, amostras grátis?... Quem realmente procura quem?...
No passado, os Estados Unidos deram grandes ensinos ao mundo (democracia, liberdade, missões cristãs, etc.), mas nesta questão de drogas pecaram gravemente.
O jovem colombiano, responsabilizado por produzir, não tem capacidade de enfiar cocaína “nariz adentro” do jovem americano.
Mas, o jovem americano, tem capacidade de comprar qualquer tipo de serviço do pobre colombiano.
As autoridades americanas sabem disso muito bem e não podem se fazer de ingênuas.
Na época da guerra fria, entre a liberdade propagandeada pelos Estados Unidos e o comunismo propagandeado pela União Soviética, era compreensível que as autoridades americanas, querendo preservar a boa imagem da liberdade diante do mundo, tenham colocado toda a culpa das drogas nas costas dos que as comercializavam, considerando os jovens que consumiam como simples vítimas.
Agiram assim porque não queriam dar motivos para a antiga União Soviética criticar a liberdade e usar este problema, como pretexto, para fazer propaganda do comunismo ateista.
Praticamente o mundo inteiro seguiu aos Estados Unidos nessa definição de que o traficante seria o único culpado.
A partir dessa ocasião boa parte do mundo tem crucificado pessoas que necessitam de dinheiro para sobreviver, e absolvido pessoas que também, contrariando a lei, se envolvem em prazeres alucinantes apenas para se divertir e se ocupar.
Se a dependência química é uma necessidade incontrolável e, por isso, merece compreensão, então o que merece a dependência de alimento dos favelados?
É verdade que um viciado sem drogas sente dores, mas um faminto sem alimentos sente a morte.
A qual dos dois devemos compreender por se envolver com drogas?...
Ao que vende para alimentar a si e sua família, ou ao que consome, irresponsavelmente, para deliciar a si mesmo?
É importante lembrarmos que a população pobre da favela não dispõe de muitas alternativas para se sustentar.
Na realidade, a grande maioria tem que se sujeitar aos míseros trabalhos, lícitos ou ilícitos, que a população de posses lhes oferece ou lhes encomenda.
Portanto, precisamos combater o problema das drogas sem tratar os consumidores adultos como “coitadinhos”.
Eventualmente eles podem ser vítimas, mas, na maioria das vezes eles são a causa da existência e do comércio de drogas.
Se eles não consumissem, pagando altos preços, não existiria droga nenhuma sendo fabricada ou comercializada.
(Até mesmo os grandes traficantes são conseqüência e não causa).
Por isso, temos que estabelecer adequada punição para todos (para quem vende e para quem compra).
Assim, seremos bem-sucedidos neste combate e reduziremos causas e consequências.
Ser tolerante com os drogados pode até ser importante para sua recuperação pessoal.
Entretanto, discipliná-los adequadamente é muito mais importante para toda a sociedade.
Em função da dificuldade prática, de se saber quem é traficante e quem é consumidor, temos que formular uma punição compatível com a desobediência de ambos.
Tal punição deve ser a mesma para consumidor e traficante e não deve conter exageros nem benevolências.
A sugestão do autor é punir a todos com 90 dias de prisão mais multa de 40 vezes o valor da droga que o infrator estivesse portando, (duplicando a pena a cada nova reincidência).
Isso seria mais justo e mais eficiente que as penalidades atuais.
Além disso, amenizaria o descontentamento dos favelados e solucionaria, de fato, o problema das drogas trazendo paz à sociedade.