O vigoroso crescimento que o mercado de trabalho brasileiro tem
sustentado nos últimos anos não é suficiente para esconder os entraves que
dificultam o preenchimento de vagas. A avaliação vem de especialistas, que são
unânimes em projetar que a escassez de profissionais qualificados impedirá que
o Brasil tire o máximo proveito do atual ciclo de crescimento econômico.
O País se atrasou em formar
profissionais para atender à demanda vinda de áreas como infraestrutura,
serviços e tecnologia da informação. Segundo ele, tal demora gerou dois tipos
de defasagem que comprometem a evolução sustentável do mercado trabalho. A
primeira seria o descompasso entre o tempo gasto na formação dos trabalhadores
e as atuais necessidades de determinados setores. Já a segunda seria o hiato
entre a capacidade dos indivíduos recém-formados e o nível de experiência
exigido para o preenchimento das vagas existentes. "Um engenheiro que
acaba de sair da faculdade, por exemplo, não está apto o suficiente gerenciar
de forma eficiente grandes equipes nos canteiros de obras que estão espalhados
pelo Brasil",
A conjuntura acaba forçando o
retorno de trabalhadores aposentados ao mercado de trabalho e estimula empresas
a importar trabalhadores, na tentativa de suprir a carência de mão de obra.
"Trabalhadores da Bolívia, da Colômbia e até do Paraguai estão vindo para
o Brasil para suprir a demanda que não está sendo atendida, principalmente no
setor de construção civil", afirma. Segundo ele, a imigração profissional,
é semelhante ao processo que ocorreu na Irlanda há alguns, quando o país
recebeu uma grande leva de imigrantes do Leste europeu, que ajudaram a
sustentar o boom econômico local.
O País não tem mais prazo hábil
para corrigir as falhas estruturais a tempo para aproveitar todo o potencial de
crescimento embutido no ciclo virtuoso. "Quando os profissionais em
formação estiverem prontos, a economia doméstica já terá entrado em período de
recessão, o que deverá ocorrer por volta de 2017", projeta, esclarecendo
que a alternância de ciclos é parte da dinâmica econômica. O professor ressalva
que há maneiras de minimizar os problemas existentes, como a criação de cursos
técnicos de curta duração voltados para os segmentos onde a escassez de
profissionais é mais crônica.
Os problemas relacionados ao
gargalo de capital humano qualificado não deverão ser resolvidos nem no longo
prazo. A análise é feita com base no argumento de que a grade de formação do
Brasil não está em sintonia com a evolução sócio-econômica do mundo, sendo, ao
contrário, voltada para suprir a demanda imediata e a que será gerada no curto
prazo. "O que nos precisávamos era de desenvolver um complexo tecnológico
nas linhas do Vale do Silício nos Estados Unidos, pois estudos indicam que a em
vinte ou trinta a oferta de empregos estará concentrada na área de tecnologia da
informação",
Enquanto a solução não vem, a indústria será um dos setores que
mais sofrerá com a carência de mão de obra este ano
Com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, o movimento de
retomada do setor produtivo já começou. Conforme informações do Caged, o saldo
líquido da geração de vagas formais na indústria de transformação apenas foi
negativo em 13,3 mil postos em outubro, mas se tornou positivo em 4,7 mil, em
novembro; e fechou dezembro de 2013 em mais 30,6 mil.
Para aumentar as chances de
fisgar e manter os trabalhadores profissionais, as empresas estão tendo que
elaborar contratos cada vez mais atraentes. As iscas oferecidas pelas
companhias vão desde altos salários, até cursos de especialização, planos
previdenciários e participação nos lucros. "Aliar as ferramentas de
retenção à política de qualificação é fundamental preservar capital humano
especializado dentro de casa", aponta.
Além de impor entraves ao
desenvolvimento da economia, a falta de capital humano qualificado pode
resultar na inflação dos salários em setores onde a carência de trabalhadores é
maior. Economistas temem que o movimento pressione ainda mais os preços, na
medida em que empresários repassem o crescimento do custo produtivo para o
consumidor.
A inflação dos salários já é
uma realidade na construção civil. Em base anual, a remuneração em termos
reais no setor cresceu devido a demanda das construtoras.
Hoje não se encontra pedreiros, motoristas de caminhão, etc. imaginem engenheiros de computação e eletrônicos.