Protocolo de Montreal
O
Protocolo de Montreal é um tratado internacional visando a
substituir as substâncias que demonstraram reagir quimicamente com o
ozônio na parte superior da estratosfera, as Substâncias Destruidoras da Camada de Ozônio (SDOs),
como os grupos Clorofluocarbonos (CFCs), Halons, Tetracloretos de
Carbono (CTCs) e Hidroclorofluorcarbono (HCFCs), emitidas em todo o
globo, a partir dos processos de industrialização. Entrou em vigor em
1/1/1989 e sofreu emendas nas reuniões de Londres (1990), Copenhague
(1992), Viena (1995), Montreal (1997) e Pequim (1999).
O
Fundo Multilateral (FML), criado em 1990, viabiliza o cumprimento do
Protocolo. É administrado por um Comitê Executivo e suprido por
países desenvolvidos. Os projetos apoiados pelo FML são executados em
múltiplos países com a colaboração de agências internacionais das
Nações Unidas: a dedicada ao Desenvolvimento, PNUD; ao Meio Ambiente,
PNUMA; e à indústria, UNIDO, além do Banco Mundial.
Problemas com a Camada de Ozônio
A
Camada de Ozônio é um "cinturão" de gases situado entre 10 e 50 km
acima da superfície da Terra. No nível do solo, o ozônio é um
poluente, mas na atmosfera superior, a estratosfera, protege as
pessoas, animais e plantas, filtrando os prejudiciais raios
ultravioletas (UV) do Sol. Nos anos 70, detectou-se o buraco na
Camada de Ozônio sob a Antártica e em seguida no Pólo Norte.
Em
1985 o buraco na Camada de Ozônio foi considerado um problema
ambiental para a comunidade internacional. Embora aparecesse sobre
uma área relativamente desabitada, a sua descoberta foi crucial para a
percepção pública sobre os problemas ambientais, porque, pela
primeira vez, a ciência e as observações confirmaram o que eram
especulações.
Segundo
as pesquisas atuais, as substâncias que destroem a Camada de Ozônio
são produzidas pelo homem e dividem-se nos seguintes produtos
químicos: CFC-11, CFC-12, CFC-13, CFC-14, CFC-15; Halons, HCFCs e
Brometo de Metila. Os CFCs são usados como propelentes na fabricação
de aerossóis; em espumas; plásticos; ar condicionado, serviços de
refrigeração, como agentes de processo e nos setores de solventes, e
de uso em medicamentos (inaladores de dose medida).
Com
a revolução patrocinada pelo avanço científico em Química e as
possibilidades abertas para a sua aplicação por vários segmentos do
setor produtivo, os gases CFC se tornaram insumos fundamentais para a
indústria, desde a década de 30 do século XX, por serem baratos,
quimicamente estáveis, não tóxicos, e com grande capacidade de
absorver calor. No auge da era da sociedade de consumo do pós-guerra,
sobretudo a americana, com o acesso de um contingente enorme de
pessoas ao mercado de bens duráveis, e a expansão do uso de
refrigeração, tanto doméstico quanto industrial, o emprego dos CFCs
aumentou consideravelmente. Esses gases contribuíram para moldar o
padrão sócio-econômico do pós-guerra, permitindo o enorme crescimento
do mercado de consumo.
Se
por um lado, a indústria se beneficiava com a utilização dos CFCs
que permitia a expansão do mercado de consumo e do comércio de bens
não duráveis, por outro lado, descobriu-se que os clorofluorcarbonos
tinham um efeito colateral extremamente adverso aos seres vivos e
agrediam o meio ambiente. Observou-se que se misturam à atmosfera,
alguns atingindo a estratosfera, onde são dissolvidos em cloro livre
pela radiação ultravioleta solar de alta energia. Por meio de
interações complexas, esses átomos de cloro reagem com o ozônio,
decompondo milhares de moléculas de ozônio para cada átomo de cloro.
A
perspectiva do aumento de doenças sérias levou os políticos a
criarem um acordo internacional para a substituição das SDOs.
Inicialmente, para reduzir à metade o consumo dos CFCs em relação ao
de 1986 e depois bani-los.A
cooperação surtiu efeitos: a produção total de gases CFC de 1996
foi inferior a de 1960. A abundância combinada total de compostos que
esgotam ozônio na atmosfera foi recorde em 1994, e a previsão era
que a concentração do cloro e bromo consumidores de ozônio atingiria o
pico na estratosfera antes de 2000, com a Camada de Ozônio
lentamente se recuperando nos próximos 50 anos.
Entretanto,
no Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio em
2008, a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) advertiu que as
mudanças observadas na estratosfera poderiam retardar a reconstituição
dessa camada, apesar do reconhecimento que o Protocolo de Montreal
proporcionou para a diminuição do desgaste. Em 16/9/2008, o buraco da
Camada de Ozônio se espalhava por 27 milhões de km² e foi de 25
milhões de km² em 2007. A OMM afirmou, nesta ocasião, que os
cientistas estão cada vez mais convencidos da relação entre a
diminuição da camada de ozônio e a mudança climática e se expressou
assim: "O aumento dos gases do efeito estufa na atmosfera contribuirá
para um aumento das temperaturas na troposfera e na superfície do
globo, enquanto será produzido um efeito de esfriamento na
estratosfera, altitude na qual está a camada de ozônio.
Protocolo de Montreal no Brasil
O
Brasil aderiu à Convenção de Viena de 1985 para a Proteção da
Camada de Ozônio, e do Protocolo de Montreal das Nações Unidas é
signatário desde 1990. Conforme este Protocolo, países desenvolvidos
que historicamente consumiram mais SDOs, financiam a erradicação
dessas substâncias em países em desenvolvimento. O Brasil recebe
aporte do FML desde 1993. O fundo não apóia pesquisa, apenas conversão
industrial.
Como
o consumo anual no Brasil das substâncias controladas listadas no
Anexo-A do Protocolo foi inferior a 0,3 kg per capita, o País foi
classificado como parte operacional sob o Parágrafo-1, Artigo 5 do
Protocolo de Montreal, qualificado para uma programação especial de
redução e para receber assistência técnico-financeira, inclusive
envolvendo transferência de tecnologia.
A
Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
iniciou ações de controle, regulamentando (Portaria 01/10.08.1988)
informações em rótulos de embalagens de aerossóis livres de CFCs. O
Governo Federal criou o Grupo de Trabalho do Ozônio (GTO) via
Portaria Interministerial 929 de 04.10.1991, facilitando a
implementação do Protocolo. O Ministério da Saúde proibiu a produção e
a venda de cosméticos, perfumes, produtos higiênicos e sanitários
domésticos sob a forma de aerossóis contendo clorofluorcarbonos.
A
Portaria nº 4 de 11/1/1993 obrigou produtores, importadores,
exportadores e usuários de substâncias sob Anexo A, B e C do
Protocolo de Montreal a se registrarem no Ibama. O GTO elaborou o
Programa Brasileiro para Eliminação da Produção e do Consumo das
Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (PBCO) lançado em 7/1994
focado nas atividades de conversão industrial e análise de todos os
segmentos produtores e usuários. A partir da experiência do PBCO,
aprovou-se a Resolução13/1995 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama) que concentrou as prioridades da participação do Brasil
sobre a conversão tecnológica industrial para a eliminação dos CFCs.
Neste mesmo ano, o Governo Federal instituiu o PROZON, o Comitê
Executivo Interministerial para a Proteção da Camada do Ozônio, tendo
como coordenador, o Ministério do Meio Ambiente
As
ações do Governo correspondem ao estabelecimento de quota de redução
via altas taxas federais e estaduais para todos os produtores
locais, com limitações graduais e banimentos sobre a importação das
SDOs. Até 1995, o Brasil era um dos principais consumidores de gases
que prejudicam a Camada de Ozônio. Até 2005, mais de 200 projetos
foram aprovados no Brasil pelo Protocolo de Montreal, a fundo
perdido, resultando na eliminação de 95,4% do consumo de CFC no País,
conforme relatório 2007 do MMA.
O
Plano Nacional de Eliminação dos Clorofluorcarbonos de 2002
destinou-se à eliminação do uso dos CFCs em todos os setores até
1/1/2010. Possibilitou o treinamento de técnicos "refrigeristas"; o
combate ao comércio ilegal de gases destruidores da Camada de Ozônio
via treinamento de oficiais de alfândega e de técnicos do IBAMA e a
eliminação do uso dessas substâncias no setor farmacêutico.
Ademais, ações específicas conjuntas do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento com a Agência de Vigilância
Sanitária e o Ibama concentram-se na eliminação do Brometo de Metila
até 1/1/2015.
Baseado
na Lei 10.165/2000, na Resolução do Conama 267/2000 e na Instrução
Normativa Ibama 37/2004, o governo Brasileiro regula e controla toda a
produção, comercialização e consumo de substâncias controladas pelo
Protocolo de Montreal. O Brasil assumiu compromisso com a Secretaria
do FML de consumir 420 toneladas de CFC em 2008 e apenas 74 toneladas
em 2009.
A
produção e o consumo de HCFCs será congelada nos níveis de 2013, a
partir de 2016, com eliminação em 2040. O Brasil realizou em 2008 um
diagnóstico do setor de HCFCs com indicação de consultores e
colaboração da indústria nacional4.
Foi lançada também Consulta Pública à Proposta de Instrução
Normativa do IBAMA que regulamenta a restrição de importação do
HCFCs.5
O Tetracloreto de Carbono (CTC), empregado no processo de produção
do cloreto de polivinila (PVC), tem uso controlado pelo Protocolo de
Montreal como agente de processo e não como matéria-prima. O Brasil
deixou de produzir CTC em 2004.
Em
novembro de 2008 foi realizada uma reunião do Comitê Executivo do
Protocolo e das Partes do Protocolo de Montreal em Doha que tratou da
eliminação das SDOS; o cumprimento das metas; além da definição de
recursos financeiros do FML para os projetos piloto e foram aprovados
US$ 490 milhões para o triênio 2008-2011 para o FML financiar
projetos de países fora do Artigo 5.
Protocolo de Kyoto
Acordo
internacional que fixa metas para limitar a poluição pela queima de
combustíveis fósseis causadoras do efeito estufa. Durante a
Conferência Rio92 da ONU sobre Meio Ambiente, mais de 200 países
adotaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, que entrou em vigor em 1994. Conferências anuais das
Partes se seguiram, culminando com a assinatura do Protocolo de Kyoto
em 1997.
O
Protocolo prevê uma redução total das emissões de 5,2% entre 2008 e
2012 em comparação aos níveis de 1990. Apenas 42 países
industrializados do Anexo I do Protocolo
estão sujeitos a essas metas que variam de um signatário para
outro. Os países da União Européia têm que cortar as emissões em 8%,
enquanto o Japão se comprometeu com 5%. Países em desenvolvimento não
tiveram de se comprometer com metas específicas. Como signatários,
no entanto, precisam manter a ONU informada sobre seu nível de
emissões, bem como devem buscar o desenvolvimento de estratégias para
tratar as mudanças climáticas.
Os Estados Unidos não ratificaram o Protocolo, ao contrário da Rússia que permitiu que a cláusula de adesão fosse satisfeita para o tratado poder entrar em vigor em 16/2/2005.
Ratificado por 36 países do grupo dos mais ricos, o Protocolo de
Kyoto limita emissões dos seis gases que provocam o efeito estufa: o
metano (CH4); o óxido nitroso (N2O); o hidrofluorcarbono (HFC); o perfluorcarbono (PFC); o hexafluorsulfúrico (SF6) e o gás carbônico (CO2).
Além
da redução interna, os países têm mais três alternativas:
investir em projetos de redução em outras nações do Anexo I; comprar
créditos de carbono em bolsas mundiais que comercializam esse
produto; ou alocar recursos em projetos de mitigação de poluentes em
países em desenvolvimento, no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, o MDL.
Os
países também podem ganhar créditos por atividades que aumentem a
sua capacidade de absorver carbono, como o plantio de árvores e a
conservação do solo. O Acordo de Marrakech, que regulamentou o MDL,
criou um potencial de mobilização de recursos para projetos de
redução de emissões de GEE ou reflorestamento.
Como
os países da OCDE são os que necessitam diminuir suas emissões, são
eles os compradores em potencial de créditos de carbono, enquanto que
os países em transição econômica podem ser anfitriões de projetos
de implementação conjunta, como a Ucrânia, Rússia e Romênia.
O
total que o mercado de emissões pode gerar até 2012 é de US$ 50
bilhões. Até 12/2007, 49 países tiveram 860 projetos MDL em
andamento, enquanto 2000 aguardavam análise. O MDL evitou a emissão
de 100 milhões de toneladas de CO2. Todavia, um estudo
realizado pelo grupo internacional que examina as metodologias
empregadas para gerar créditos de carbono, após análise por
amostragem de 100 desses 860 projetos, apontou que até 50% dos
projetos em curso podem ter sido "maquiados" para aprovação.
Blüchel afirma:
"(...) quem pensa continuar a impregnar a Terra com CO2 até o fim, a ele é oferecido uma solução elegante por esses guardiões verdes da virtude - ele pode comprar créditos. Como funciona este comércio moderno de indulgências? Muito simples: compra-se certificados de emissão de dióxido de carbono. Os preços para este comércio de pecados são diferentes: para grandes pecados paga-se um pouco mais, para pequenos um pouco menos. O dinheiro gasto na indulgência, por exemplo, por um fabricante de automóveis ou um fornecedor de energia, é adicionado na fatura, de modo que nestes negócios duvidosos ninguém fica sem lucro."
Dentre
os compromissos do Brasil junto à Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima está o de desenvolver e atualizar,
periodicamente, o Inventário Nacional de Emissões e Remoções
Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, cobrindo os setores de energia;
processos industriais; uso de solventes; agropecuária; mudança no
uso da terra e florestas; e tratamento de resíduos. Este inventário
contabiliza as emissões antrópicas por fontes e remoções por
sumidouros dos gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo
de Montreal, além de fornecer uma descrição geral das providências
para implementar a Convenção.O documento contendo tais informações é chamado de Comunicação Nacional
Em 2006, o setor de transportes, em especial o rodoviário, foi o que
mais contribuiu para as emissões no Brasil (42%); seguido pela
indústria (30%); a geração de eletricidade e o setor energético (15%)
e o agropecuário com apenas 4,5.
O
1º inventário brasileiro de emissão dos gases do efeito estufa foi
divulgado em 2004 com dados de 1990-94. O 2º, concluído em 12/2008,
cobre de 1995 a 2000, portanto, com 8 anos de defasagem entre os
dados e sua publicação. Estes documentos apontam que a área de maior
complexidade corresponde ao uso da terra e florestas, com 75% das
emissões brasileiras registradas na primeira contagem do inventário.
Nesses inventários não se incluiu as atividades da marinha mercante,
por exemplo, de interesse do comércio internacional e cujos estudos
revelam grandes emissões de CO2,
tampouco a emissão das capitais com 50% da população brasileira.
Sem o conhecimento dos gases poluentes que chegam à atmosfera e para
onde vão, como e com quais se combinam, não se terá informações
precisas sobre as emissões globais de GEE.
A
propósito, a Secretaria de Meio Ambiente e a Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo decidiram concluir
até 2010 o inventário das emissões paulistas de GEE para subsidiar o
estabelecimento de metas globais ou setoriais pelo Estado. O setor
energético definiu em 20% a redução das suas emissões de CO2
para 2020. Desta forma, entendem contribuir com o novo regime
internacional no Pós-Kyoto, que exigirá metas dos países emergentes.
Líderes no comércio de créditos de carbono
Brasil,
China e Índia apresentam o maior número de iniciativas de MDL
registradas no organismo da ONU que coordena essas atividades. Apesar
de ter sido pioneiro em aprovar um projeto MDL, o Brasil vem
perdendo posições no ranking internacional do mercado de carbono. Por possuir uma matriz energética limpa, baseada em hidroeletricidade, que não emite quantidade importante de CO2,
o Brasil fica em desvantagem em relação a outros países de grande
dimensão e economias crescentes, e que utilizam nas suas matrizes
energéticas fontes de origem fóssil.
Projetos
de geração de energia limpa para as nações com matrizes energéticas
baseadas em combustíveis fósseis são os que apresentam os melhores
resultado para ajudar no cumprimento das metas estabelecidas no
Protocolo de Kyoto.
A Índia assumiu a liderança, ficando o Brasil na 4ª posição em
número de projetos com reduções certificadas de emissões. Os dados
são do Banco Mundial, e divulgados em 26/3/2007 pelo especialista em
Meio Ambiente do BIRD, Werner Kornexl, no seminário internacional
"Mercado de reduções de emissões" promovido pela Comissão de Valores
Imobiliários. O Brasil tem 94 projetos registrados e 118 aprovados na
Convenção-quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas,
enquanto que a Índia tem 187 registrados.
Além
disso, o mercado movimentou US$ 3 bilhões em 2006. Os projetos
brasileiros de MDL giram em torno de 100 mil toneladas por ano,
considerado pouco pelo BIRD, e por isso, menos atrativo para os
compradores. Ao Banco interessa projetos de 500 mil toneladas ao ano.
O potencial deste mercado é de 1,5 bilhões de toneladas, pouco menos
da metade dos projetos de MDL aprovados até então, completa Kornexl.
A
ONU avaliou que os países industrializados estão fora da meta de
redução. Apenas 4 países da União Européia têm chance de cumpri-las,
e prevê o pior para 2010: aumento de 10% em relação a 1990, com
queda total de emissões de CO2 de 3% entre 1990 e 2000,
mas devido ao declínio econômico das ex-repúblicas soviéticas e
mascarando aumento de 8% nas emissões entre os países ricos.
Responsável pela emissão de mais de 25% do CO2,
os EUA se retiraram das negociações sobre o Protocolo de Kyoto em
2001, alegando que a sua implementação prejudicaria a economia
americana. Um dos argumentos é que não há exigência sobre os países
em desenvolvimento para reduzirem as suas emissões.
O Presidente Bush comentou concordar com as reduções por meio de
medidas voluntárias e novas tecnologias no campo energético.
Entre
as grandes economias em desenvolvimento, China e Índia também
ratificaram o protocolo, mas como países em desenvolvimento, com
todos os direitos a que fazem jus no âmbito desse Protocolo, o que
deixou o governo americano insatisfeito, sobretudo em relação àqueles
que têm no carvão mineral, a sua principal fonte de energia para
movimentar economias em expansão, como a China, esta agora a 3ª
economia do mundo, atrás dos EUA e do Japão.
A
Austrália aderiu ao Protocolo de Kyoto em 3/12/2007, o que expôs
mais ainda a posição desfavorável de Washington perante o mundo.
Segundo a delegação americana presente à Conferência do Clima em Bali
em 12/2007, os EUA não prejudicarão as negociações sobre o acordo
para substituir o tratado que expira em 2012.
Divulgação dos Protocolos de Montreal e de Kyoto
Se
nos anos 80, o buraco da Camada de Ozônio ganhou repercussão
internacional como ameaça aos seres vivos, a partir da década de 90
foi o aquecimento global, causado pelos gases do efeito estufa e as
mudanças climáticas que ganharam a página principal dos noticiários
mundiais com ameaças à vida. Graças a isso, a sociedade tem muito
conhecimento sobre o Protocolo de Kyoto quase nenhum sobre o de
Montreal.
Por
iniciativa dos Governos dos EUA e Grã-Bretanha, foi criado em 1988, o
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
subordinado ao Programa Ambiental da ONU (PNUMA) e à Organização
Meteorológica Mundial (OMM), também da ONU. O Painel tem por missão
avaliar informações científicas, técnicas e sócio-econômicas visando
a entender riscos induzidos pelas mudanças climáticas, seus
potenciais impactos e opções para mitigação e adaptação. O IV
Relatório do IPCC de 02/2007, culpando o homem como responsável pelas
mudanças climáticas globais, impactou fortemente sobre a comunidade
internacional, os formadores de opinião e os tomadores de decisão nos
Governos.
Devido
a um verão seco e com altas temperaturas nos Estados Unidos em 1988,
cientistas reagiram sobre os riscos de um aquecimento global.
Políticos se somaram a este grupo, culminando com o Premio Nobel da
Paz dado a Al Gore e ao IPCC em 2007. Em 1989, 700 cientistas
assinaram uma petição apresentando o aquecimento climático como
ameaça à humanidade, e apelaram aos governos para reduzir a emissão
de CO2. Além de alguns climatologistas, os signatários
eram na maioria politólogos, juristas, economistas, filósofos. Uma
composição semelhante está preservada até hoje no Painel do Clima da
ONU composta por 2500 membros. Blüchel continua:
"...os anos seguintes pareciam indicar que a suspeita do aquecimento da Terra poderia ser justifica: a partir dos anos 80 do século XX, ...Este desenvolvimento climático encaixou-se otimamente no conceito dos profetas de catástrofes e logo foi avaliado como precursor dos cenários de horror do CO2 prognosticados. Quase ninguém procurou por outras causas, e quando o fez, o público levado em uma determinada direção, praticamente não deu atenção."
Ainda
segundo Blüchel, o movimento que culminou na criação do IPCC teve a
iniciativa do lobby da indústria nuclear. A petição já continha o
apelo para revisão do futuro desse tipo de energia pois usinas nucleares
praticamente não liberam CO2. Assim, após a desativação
de muitas usinas nucleares na Europa, principalmente na Alemanha,
estas passaram a ser uma alternativa verde no mundo inteiro,
tornando-se elegíveis para substituição da fonte fóssil.
Para
entender o papel do IPCC, é importante saber que as mudanças
climáticas têm duas naturezas distintas e nem todas causam
aquecimento climático. Uma relacionada à variabilidade natural do
clima, responsável pelas diversas eras glaciais, antes mesmo da
presença do homem na Terra. Desastres naturais causaram grandes
catástrofes, como a erupção de vulcão na Indonésia há 75 mil anos,
com emissão de quantidades enormes de CO2 na atmosfera e
cuja cinza vulcânica, quando reagiu com água, eliminou muitos seres
humanos por envenenamento. Ademais, o efeito estufa natural permite a
vida sobre a Terra conservando uma temperatura média adequada. A
outra forma de mudanças climáticas é produzida pelas atividades do
homem no uso da terra ou em atividades industriais, portanto,
antrópicas. Os desastres naturais que presenciamos resultam da ação
combinada dessas duas modalidades. Qual a origem delas e como agem em
conjunto? A ciência ainda não tem respostas.
O
IPCC analisa os trabalhos científicos que têm origem apenas nas
atividades antrópicas. Pesquisadores com formação variada estudam o
efeito estufa e abastecem o IPCC com informação. Isto faz com que os
trabalhos do Painel sejam incompletos para mostrar a realidade das
mudanças climáticas globais. Além disso, mais de 90% dos artigos
aceitos pelo IPCC, que não é uma sociedade científica, mas tem
caráter intergovernamental, e por isso segue orientação política de
governos, são de autores de países desenvolvidos, mesmo quando trata
de assunto do hemisfério sul, com uma parcela insignificante dos
países em desenvolvimento.
A
literatura sobre o protocolo de Kyoto, aquecimento global e as
mudanças climáticas tem se calcado, sobretudo, nos relatórios do IPCC
que contam com a credibilidade de 80 a 90% da comunidade
internacional, sendo que o restante compõe o grupo dos "céticos" que
considera o efeito estufa uma fraude.
Na
Dinamarca, a posição dos líderes políticos e dos analistas se
contrapõe fortemente quando o assunto é aquecimento global. A
Ministra de Clima e Energia Connie Hedegaard, visitando o Brasil em
2008, afirmou que a posição do seu governo é confiar nas estimativas
do IPCC. Em 2050 já será tarde demais para combater o aquecimento
climático, e que tem que agir agora senão o aquecimento global vai se
acelerar de tal maneira que será muito caro revertê-lo, e a
humanidade não conseguirá manter o padrão atual de vida.
De outro lado, existem compatriotas da Ministra, como Lomborgque considera exagerada a preocupação com o aquecimento climático
global. Empregando dados estatísticos e interpretando a história da
evolução do clima desde quando há registros, este autor contesta o
que considera uma visão apocalíptica, ladainha ambientalista,
difundida durante anos por ecologistas radicais, com interesses outros
que os da preservação da vida e do meio ambiente.
A
posição de um líder governamental com decisões a tomar pelas quais
será julgado pela história é mais difícil que a dos analistas, que
mesmo empregando metodologia científica, têm menor responsabilidade
do que autoridades. Além disso, um líder de um país industrializado
tem compromissos em preservar o alto padrão de vida dos países ricos,
seus pares, e tema para discussão na próxima conferência do clima na
Dinamarca sobre o Pós-Kyoto. Porém, sem dados suficientes e
confiáveis sobre as mudanças climáticas que exigem pelo menos 30 anos
de observação ininterrupta, segundo a OMM, produzem-se mapas e atlas
mundiais desses fenômenos com o intuito de orientar interessados em
questões ambientais, professores e responsáveis por políticas
públicas, inclusive sobre o Brasil. Qual o valor desse tipo de informação?
Soluções para agora, problemas para amanhã?
Há duas décadas, as empresas de petróleo introduzem CO2 em alguns dos seus poços para retirar o resto de combustível do subsolo. Tal prática é empregada como uma das formas de seqüestro de carbono. Como o CO2
resultante da combustão desse mesmo petróleo tornou-se o maior
inimigo do meio ambiente, esse procedimento passou a ter uma nova
função, a de "eliminar" CO2. Segundo o IPCC, será necessário seqüestrar 25 bilhões de toneladas de CO2
por ano até 2050, e o enterro do carbono pode colaborar para o
cumprimento desta meta, ajudando a eliminar pelo menos 21%. Para
atingir esse objetivo, o plano dessas empresas cobre várias fases. O
carbono emitido pelas refinarias é capturado por uma chaminé e o gás é
introduzido e aprisionado no subsolo. O Brasil, sozinho, tem
capacidade para armazenar o equivalente ao que o planeta emite em 80
anos, afirma João Marcelo Ketzer, coordenador do Centro de Excelência
em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono da PUC/RS. As áreas para
extração de carvão mineral ou os aqüíferos salinos também podem
servir como locais de estoque. Segundo especialistas do Centro de
Pesquisa da Petrobrás, CENPES, há expectativa de que até 2014,
estoque-se CO2 da ordem de dez milhões de toneladas ao
ano. Caso esta meta seja atingida, este projeto será um dos maiores
de seqüestro geológico: um trilhão de toneladas em reservatórios de
petróleo, dez trilhões em aqüíferos e 40 bilhões em minas de
carvão.
A logística da captura em uma refinaria ou em uma usina é complexa e inclui riscos de segurança. O CO2
pode vazar no transporte, ou no próprio reservatório causando
problema ambiental. O custo da tecnologia é alto, com o transporte
exigindo a construção de dutos, como o de gás natural. No Brasil, as
injeções em larga escala de carbono são em terra na Bahia e sob o mar
na bacia de Campos.
Os
experimentos pioneiros em grande escala de enterro de carbono foram
na Noruega, sob o mar, pela petrolífera local Atatoil; no Canadá, em
terra, com o carbono capturado nos EUA armazenado pela canadense
EnCana; e na Argélia, com gás natural. Cada um seqüestra até dois
milhões de toneladas de CO2 por ano.
Segundo Blüchel, embora o CO2
não seja inflamável nem tóxico, é mais pesado que o ar, podendo, por
isso, asfixiar tudo o que tem vida. Em 1986, uma erupção súbita de
CO2 em um lago vulcânico em Camarões aniquilou animais e
1.500 pessoas. E questiona: quem tem o direito de levar o "lixo de
gás" e para aonde. O armazenamento está sujeito à que lei? Ao código
de mineração, como o gás natural? Quem é o responsável pelos
depósitos subterrâneos?
Além
das bombas químicas e biológicas que tanto aterrorizam nações,
inclusive os EUA, existe possibilidade que se crie armas tectônicas,
cujos potenciais de força de destruição em massa são desconhecidos.
Isto já pode estar ocorrendo e mantido sob sigilo pelas empresas,
Estados e não-Estados (terroristas). Pesquisas científicas mostraram,
a partir de 1945, que o homem poderia agir sobre as imensas forças
de tensão da crosta terrestre. Por isso, testes nucleares foram
regularizados e proibidos em ambientes subterrâneos.
O
exército dos EUA se livrou de seu rejeito tóxico em Fort Dedrick
empregado em guerra química e biológica com a coleta dos gases
nervosos em barris e depois afundados no mar. Outras substâncias
tóxicas foram bombeadas para um poço de 4.000 metros de profundidade,
perfurado para esta finalidade, perto do Arsenal Rocky Mountain no
Colorado. Durante o período no qual o procedimento foi adotado,
registrou-se 710 abalos sísmicos, 18 de magnitude média, enquanto
que, nos 80 anos anteriores ocorreram somente três abalos sísmicos
nessa região Existe uma possibilidade concreta de o CO2
provocar terremotos criados pelo homem. Bolhas de dióxido de carbono
resultam de tais bombeamentos nas entranhas da Terra produzindo
explosões devastadoras. Na Polônia, Alemanha e embaixo do Mar do
Norte, entre Escócia Noruega, instalou-se os primeiros super
cemitérios para o CO2. De acordo com uma estatística da
Agência Internacional de Energia da ONU, o homem produz atualmente
cerca de 26 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Estas
quantidades enormes de gases deveriam ser bombeadas para o centro da
Terra? (Blüchel, 2008, p.137).
Na
mesma linha de argumentação, se o IPCC declarou o homem culpado
pelas mudanças climáticas causadas pelo mau uso do solo (IV Relatório
02/2007), o que diria então sobre o uso inadequado do subsolo e das
profundezas desconhecidas dos oceanos, este, o maior responsável pelo
clima, e cujas conseqüências não são discutidas?
Recentemente
moradores de São Paulo sentiram um tremor de terra por volta das 21h
de 22/4/2008 cujo epicentro ocorreu a 215 km de São Vicente, no mar e
atingiu 5,2° na escala Richter, com o tremor a cerca de 10 km de
profundidade.
Com tantas atividades subterrâneas com relação à extração de
petróleo no mar, e as poderosas ondas de choque causadas por
movimentação da crosta terrestre, o Observatório Nacional firmou
convênio com o CENPES/Petrobrás para financiar a instalação de uma
rede sismográfica para monitorar os terremotos no Brasil, com o
projeto aprovado pela Agência Nacional de Petróleo. Os recursos
financeiros são provenientes da lei que rege a exploração dos grandes
campos de petróleo e correspondem a 1% dos royalties para pesquisa e
desenvolvimento.
Comentários finais
Os
Protocolos de Montreal e Kyoto resultaram de preocupações mundiais
com o meio ambiente, sua alteração pelo homem e as conseqüências
adversas que essas mudanças podem produzir sobre a vida na Terra.
Por
meio de cálculos, o MMA mostra que é possível estabilizar as
emissões dos gases HCFCs em 2011 evitando 14 milhões de toneladas
irem para a atmosfera entre 2011 e 2040. Como os HCFCs têm um
potencial muito maior de absorver calor e esquentar a Terra que o CO2,
mesmo uma pequena economia de suas emissões teria um impacto
expressivo no clima. A proposta significaria evitar a emissão de 5,5
bilhões de toneladas equivalentes de gás carbônico, ou seja, a meta
completa do Protocolo de Kyoto.
Flannery
afirma que, dentre os tratados internacionais em andamento, o
Protocolo de Kyoto talvez seja o mais duramente criticado, o que lhe
parece estranho devido aos seus modestos objetivos, e que são apenas
dois, econômicos e políticos. Enquanto que o Protocolo de Montreal
conta com o Fundo Multilateral e apóia projetos-piloto
supervisionados por um Comitê Executivo, o de Kyoto não tem um fundo
próprio e depende do MDL, cuja avaliação não tem sido a mais
favorável.
O
tratado Pós- Kyoto deverá estar pronto até dezembro de 2009, data
limite para a assinatura de um novo tratado. A próxima Conferência
sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, discutirá como enfrentar o
aquecimento global.
A maioria dos cientistas que estuda o clima diz que as metas
instituídas em Kyoto são insuficientes. O acordo visa reduzir as
emissões nos países industrializados em 5%, enquanto é praticamente
consenso entre os cientistas que defendem o corte nas emissões que
seria preciso uma redução de 60%. Portanto uma diferença tão grande
faz com que os 5% não sejam, de fato, uma meta realista. Diante
disso, os termos finais de Kyoto receberam críticas que o protocolo
terá pouco impacto no clima e é inútil sem a participação americana.
Outros,
no entanto, dizem que, apesar das falhas, o protocolo é importante
porque estabelece linhas gerais para futuras negociações sobre o
clima. Consideram que ele ajudou vários países transformarem em lei
metas de reduções das emissões.
Por
outro lado, o caso do esgotamento da camada de ozônio e a solução
mediante protocolos restritivos, como o de Montreal, são vistos como
um exemplo de sucesso, em que a comunidade mundial se uniu e
priorizou o meio ambiente em detrimento das ambições econômicas. Por
esse motivo, o caso do ozônio costuma ser citado como uma aplicação
vitoriosa do princípio da cautela e da consciência ambiental em
geral.
Para
o Ministério do Meio Ambiente brasileiro, o cumprimento de metas do
Protocolo de Montreal já colaborou mais para a proteção climática do
que o Protocolo de Kyoto. Entre 1990 e 2000, a redução global nas
emissões de gases que prejudicam a Camada de Ozônio alcançou 25
bilhões de toneladas de CO2 equivalentes, volume quase 5 vezes superior aos 4,5 bilhões de toneladas de CO2
que devem ser eliminadas nas emissões dos países em desenvolvimento
entre 2008 e 2012. No Brasil, entre 2000 e 2007, evitou-se a emissão
de 36,5 mil toneladas de CFCs, correspondentes a cerca de 360 milhões
de CO2 equivalentes.
A
mudança de processos industriais foi fundamental para que os
objetivos de redução anual das SDOs fossem alcançados. CFCs foram
substituídos, como Hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e
Hidrofluorcarbonos (HFCs). No entanto, os CFCs remanescentes (como em
geladeiras muito antigas) e essas substâncias alternativas ameaçam o
clima. Conforme o Protocolo de Montreal, países desenvolvidos devem
reduzir o uso de HCFCs em 75% até 2010 e em 99,5% até 2020. Mas a
produção global desses gases tem aumentado nos países em
desenvolvimento, sendo 70% do total na China.
Reestruturação
industrial e adaptação tecnológica exigem custos altos e tempo.
Os processos que utilizam gases químicos e inovações tecnológicas
precisam de tempo de maturação para ser viáveis em escala industrial.
Entretanto, apesar dessas dificuldades, conseguir o cumprimento da
proibição do CFC foi rentável. Saiu relativamente barato encontrar
substitutos aos CFCs, ao mesmo tempo em que as vantagens foram bem
nítidas. Um relatório para o Environment Canada, o órgão de proteção
canadense de meio ambiente, estimou que o custo global total até 2060
da implementação dos protocolos de CFC seria de uns 235 bilhões de
dólares de 1997.
A
maior parte da produção dos gases controlados pelo Protocolo de
Montreal é feita nos países industrializados ou por multinacionais
com plantas nos países em desenvolvimento, por isso, o controle é
mais fácil, e a maioria deles é insumo para outros produtos. Os gases
controlados pelo Protocolo de Kyoto, especialmente o CO2,
são resultantes da queima de produtos usados em vários setores
econômicos e também de utilização do solo, como desmatamento e
queimadas de grandes áreas que se misturam a outros gases na
atmosfera e são muito mais difíceis de controlar. Além disso, existe a
influência de outros ambientes (oceanos, hidrosfera, Antártica) que
interagem com a atmosfera gerando o clima.
Marcelo
Leite, jornalista e colunista da Folha de São Paulo, resume a obra
do jornalista Oliver Tickel "Kyoto 2, como administrar a estufa
global" como "desconstrução de Kyoto"
"Tickell fornece uma medida convincente da inoperância de Kyoto
comparando-o com o Protocolo de Montreal. Adotado uma década antes
para combater outro problema da atmosfera, o buraco na camada de
ozônio estratosférico, Montreal acabou contribuindo quatro vezes mais
do que Kyoto para mitigar o aquecimento global, pois alguns dos
gases que atacam o ozônio são também gases do efeito estufa." Para
Tickell, o protocolo não funcionou por colocar metas por países e
pretender que governos nacionais beneficiem-se e fiscalizem,
concomitantemente, os mecanismos de mercado estabelecidos para
reduzir as emissões de gases do efeito estufa. A crítica é focada nos
créditos de carbono, a alma de Kyoto, segundo esse autor, que
acrescenta que o mercado de carbono mais festejado, o "esquema europeu
de comércio de emissões" serviu para desviar bilhões de euros dos
consumidores para empresas de energia.
Por ser um grande emissor de CO2,
pesa muito a rejeição dos EUA em não ratificarem o Protocolo de
Kyoto, embora tenham adotado o de Montreal. Essa questão tem um
elemento chave sem o qual qualquer discussão sobre aquecimento global
ou mudanças climáticas antrópicas é inócua. Trata-se da energia e da matriz energética de qualquer país.
A produção de energia é diretamente proporcional à atividade
industrial de um país, e por isso, influi decisivamente no cálculo do
seu PIB, que reflete a riqueza de uma nação. Por sua vez, o aumento
do PIB depende de uma matriz energética robusta, e se possível
diversificada e independente do provimento de matéria-prima
internacional. Portanto, é estratégico para cada nação fazer uso
máximo do potencial energético próprio. Esta foi a lição deixada
pelos choques de petróleo dos anos 70. Dependência energética pode
frear o crescimento econômico mesmo de nações desenvolvidas.
Por
outro lado, por que usar energias renováveis, se ainda existe muito
combustível fóssil para ser extraído durante os próximos séculos,
mesmo jazidas ainda não descobertas, como estudos já revelaram,
somado ao fato que vários países têm sua economia fortemente
dependente da exploração e comercialização desses produtos, como o
petróleo? Em 2008, o preço do barril do petróleo chegou a US$147 e as
economias não colapsaram por isso. A crise de 2008 não é de escassez
de energia como nos anos 70. "A crise é a hora de taxar o petróleo e
salvar o clima".
Pesquisadores
viajando em 2008 a bordo de um navio russo dizem ter provas de que
milhões de toneladas de metano, gás do efeito estufa 20 vezes mais
potente que o CO2 vai para a atmosfera a partir das profundezas do Oceano Ártico. Depósitos de CH4
aprisionados nas profundezas emergem como grandes bolhas,
coincidindo com o aquecimento da região e o desaparecimento das capas
de gelo que cobriam as águas da região, segundo o jornal britânico The Independent.
Esse depósitos são importantes pois no passado houve liberação
similar provocando uma elevação rápida das temperaturas, mudanças
climáticas abruptas e extinções em massa, diz o jornal.
O pesquisador Örjan Gustafsson (Universidade de Estocolmo) descobriu o primeiro campo em que a liberação do CH4 era tão forte que o gás não tinha tempo de dissolver-se na água do mar, emergindo em grandes bolhas.
Todavia, se o metano é a grande preocupação desses cientistas,
mas está relacionado na Terra com atividades biológicas e erupções
vulcânicas, embora seja um gás também controlado pelo Protocolo de
Kyoto, o grande vilão do clima é o CO2. Por que o
tratamento dado pelo Protocolo e pela mídia é tão diferenciado quando
se trata do impacto desses dois gases? Porque o CO2 é o subproduto do uso do combustível fóssil mais empregado nas atividades humanas nos países desenvolvidos.
O
apelo antrópico por parte dos ambientalistas visa a mudanças de
modos de produção e implica em pressões internacionais, pois mexe com
interesses nacionais e conflitantes. Essas mudanças no padrão de
produção baseiam-se na necessária alteração das fontes poluidoras
de energia dos países. No caso do CO2, não se trata de
substituição de um gás por outro, mas como eliminar o resíduo da
queima de combustível fóssil. Por outro lado, usando também
argumentos antrópicos, há os que lutam por energias renováveis como
modelo de energia limpa, e como alternativa viável em grande escala
para o século XXI, posição defendida por países em desenvolvimento
com grande potencial para produzir e comercializar biocombustíveis.
Nesta disputa político-econômica acirrada, o papel do CO2 é bem mais importante nas negociações internacionais que o do CH4, ou qualquer outro gás controlado por acordo internacional. O CH4
pode ser empregado como fonte de energia, mas sem valor de mercado,
como o carvão ou o petróleo, este protegido por organizações como a
OPEP para garantir que permaneça no século XXI, o padrão energético
do século XX.
Ameaças
sobre os recursos naturais, não sustentabilidade, e tecnologias
tornaram-se comuns. Nem todas se concretizam. A do Clube de Roma e
seu relatório "Limites do Crescimento", concluído em 1972 para a ONU,
apontou os riscos do crescimento exponencial da população mundial
versus uma expansão linear de alimentos e de recursos naturais,
prevendo o caos. A ameaça climática é mais complexa, mas foi
quantificada no Relatório Stern sobre a Economia das Mudanças
Climáticas (10/2006). O exemplo mais notável de ameaças globais foi a
do "BUG do Milênio" que mobilizou toda a comunidade internacional
para o maior desastre da sociedade pós-moderna. Pânico no sistema
financeiro e bancário totalmente informatizado; bolsas quebrando; a
população desnorteada e os governos fariam planos de emergência para
mitigar a catástrofe.
As
pesquisas devem avançar mais para fornecer conhecimento e dados para
prevenção, mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Somente
estudos com dados e informações completas e o tempo comprovarão se o
aquecimento global é real ou mais um "Bug" do milênio.
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PERITO JUDICIAL,GESTOR EMPRESARIAL E CONSULTOR EM MARCAS E PATENTES,DR. EM ECONOMIA.