domingo, 23 de junho de 2013

O homem, a máquina e as relações interpessoais no trabalho


Em 1936, o genial Charles Chaplin – Carlitos – abordava o relacionamento homem máquina, através do premiado filme Tempos Modernos (foto). Caso você ainda não o tenha assistido, gostaria de recomendar. O tema continua mais atual do que nunca. O texto que segue foi escrito por mim, em 1995, quando me desliguei da atividade bancária. Desejo que também lhe seja útil:
O Homem e a Máquina
Tenho prestado muita atenção aos “tempos modernos”. Não tenho nada contra a modernidade. Porém, se modernidade é substituir o homem pela máquina, qual o papel reservado para o ser humano na sociedade do futuro?
Recentemente, ao me dirigir a uma agência bancária (perto do trabalho), fui abordado por um funcionário, que perguntou o que eu desejava . Afirmei que precisava retirar um dinheiro. O mesmo indicou-me um caixa eletrônico. Ressaltei que gosto de ser atendido por ser humano.
Neste momento o funcionário franziu a testa e afirmou com entusiasmo:
“O nosso banco investiu milhões de dólares em tecnologia para dar aos clientes mais conforto e rapidez no atendimento…”

Tentei argumentar mais uma vez, porém não obtive êxito. O papel dele era evitar ao máximo que eu fosse atendido no interior da agência, por uma pessoa de carne e osso!
Fui ao caixa eletrônico, retirei o dinheiro e voltei para a minha casa. Enquanto andava, refletia sobre o que acabara de acontecer. Depois de alguns minutos, cheguei a uma triste conclusão: O papel do homem na “sociedade moderna” talvez seja o de evitar o contato com outros seres humanos!
Estou ultrapassado? Resisto ao novo? Eh!!! se a gente não tomar cuidado, na sociedade do futuro o homem terá que virar máquina para sobreviver.
Que o relacionamento humano está passando por uma crise aguda e de conseqüências imprevisíveis, isso não temos dúvidas. Atribuir às máquinas toda a culpa, também não é justo, embora elas tenham e continuarão a ter uma considerável parcela de culpa pelo esfriamento das relações pessoais, ao vivo e em cores.

Alguns acham que o ambiente de trabalho traz conforto, segurança e satisfação. Outros têm um profundo sentimento de frustração, impotência, inutilidade, medo e fúria. Normalmente não revelam de forma clara esses sentimentos, porém o fazem através de pouco envolvimento com as suas atividades profissionais. Outro sintoma bastante evidente é a grande quantidade de álcool, cigarros e demais drogas que são ingeridas por eles para amenizarem as suas decepções e pressões no ambiente de trabalho. Algumas pessoas fazem planos de se realizarem, verdadeiramente, quando se aposentarem ou quando mudarem de emprego.
Para apimentar mais ainda o ambiente empresarial (e também social), temos as ameaças constantes que pairam como fantasmas a assombrar os profissionais:
a) Medo de perderem os empregos;
b) Receio de ficarem ultrapassados em suas habilidades e competências;
c) Acirrada competitividade no mercado de trabalho;
d) Que as atuais e futuras tecnologias substituam cada vez mais os trabalhos realizados por pessoas.

O tema é amplo e dá subsídios para debates intermináveis sobre o assunto. Acreditamos que o mais importante é cada um refletir sobre a sua forma de relacionar no trabalho e na vida pessoal, começando pela família, vizinhos, amigos e colegas de trabalho.