terça-feira, 11 de junho de 2013

Risco Brasil' sobe 25% em um mês


Perspectivas ruins para a economia brasileira e melhora da americana são fatores que explicam o aumento da desconfiança do investidor em relação ao país

Economia americana tem mais chances de recuperação em 2012 que os países do bloco europeu, de acordo com agência de classificação Standard & Poor's
Melhoria da economia americana atrai investidores e contribui para aumento do risco em demais países 
Levantamento da Agência Estado mostra que o ‘risco Brasil’, indicador da desconfiança internacional com o Brasil, voltou à casa dos 200 pontos-base e se encontra no maior nível desde junho de 2012 (2019 pontos-base). O Brasil começa a mudar aos olhos dos investidores internacionais, especialmente após a divulgação do fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros meses do ano e do aumento da dívida pública, que culminou com a revisão de perspectiva do rating brasileiro pela Standard & Poor’s, uma agência internacional de classificação de risco. 

Nas últimas semanas, o esse risco sobe rapidamente. O índice Embi+, calculado pelo banco JP Morgan, mostrou que o risco passou de 173 pontos-base em 30 de abril para 202 em 31 de maio, atingiu 2010 pontos em 6 de junho (data do anúncio da S&P) e, no dia seguinte, chegou a 2018 pontos. No acumulado da semana passada a alta é de 8% e, em 30 dias, de 25%. Em pouco mais de seis meses a lata já ultrapassa 47%, o que mostra a preocupação internacional com a efetividade das políticas do governo Dilma Rousseff.


O dado mostra a diferença de rentabilidade de títulos de dívida brasileira na comparação com os americanos - teoricamente os Estados Unidos possuem o menor risco de calote no mundo. A lógica é simples: quanto maior a  desconfiança dos investidores com relação ao Brasil, o país acaba pagando juros mais altos para levantar dinheiro via emissão de dívida pública. Assim, o risco do país se eleva e o risco de calote aumenta. 

No terreno do vizinho – Apesar de o Brasil preocupar, outros países vizinhos também mostram crescimento da desconfiança global. Segundo os dados do JP Morgan, em 30 dias o risco subiu 45% na Colômbia, e 35% no Peru. Ainda na América Latina, o México teve expansão de 26% na mesma base de comparação, enquanto os também emergentes África do Sul e Rússia marcam alta de 31% e 19%, respectivamente.

Explicações –  A política americana de juros baixos para estimular sua economia contribuiu para a maior disponibilidade de dinheiro no mundo e ajudou na queda dos riscos. Contudo, agora que a maior economia do mundo dá sinais de melhora, é possível que a disponibilidade de dinheiro barato diminua. 

Nas últimas semanas foi observada migração de recursos que estavam alocados em vários países em direção aos EUA. A busca pelos EUA aumenta o preço de ativos naquele mercado e, no caso da renda fixa, reduz o juro. Assim, a diferença entre a rentabilidade paga pelos títulos americanos e de outros países aumenta inevitavelmente. Tal cenário tem sido usado como explicação para a valorização do dólar ante a maior parte das moedas mundiais nas últimas semanas.