Perspectivas ruins para a economia brasileira e melhora da americana são fatores que explicam o aumento da desconfiança do investidor em relação ao país
Melhoria da economia americana atrai investidores e contribui para aumento do risco em demais países
Levantamento da Agência Estado mostra que o ‘risco Brasil’, indicador da desconfiança internacional com o Brasil, voltou à casa dos 200 pontos-base e se encontra no maior nível desde junho de 2012 (2019 pontos-base). O Brasil começa a mudar aos olhos dos investidores internacionais, especialmente após a divulgação do fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros meses do ano e do aumento da dívida pública, que culminou com a revisão de perspectiva do rating brasileiro pela Standard & Poor’s, uma agência internacional de classificação de risco.
Nas últimas semanas, o esse risco sobe rapidamente. O índice Embi+, calculado pelo banco JP Morgan, mostrou que o risco passou de 173 pontos-base em 30 de abril para 202 em 31 de maio, atingiu 2010 pontos em 6 de junho (data do anúncio da S&P) e, no dia seguinte, chegou a 2018 pontos. No acumulado da semana passada a alta é de 8% e, em 30 dias, de 25%. Em pouco mais de seis meses a lata já ultrapassa 47%, o que mostra a preocupação internacional com a efetividade das políticas do governo Dilma Rousseff.
O dado mostra a diferença de rentabilidade de títulos de dívida brasileira na comparação com os americanos - teoricamente os Estados Unidos possuem o menor risco de calote no mundo. A lógica é simples: quanto maior a desconfiança dos investidores com relação ao Brasil, o país acaba pagando juros mais altos para levantar dinheiro via emissão de dívida pública. Assim, o risco do país se eleva e o risco de calote aumenta.
No terreno do vizinho – Apesar de o Brasil preocupar, outros países vizinhos também mostram crescimento da desconfiança global. Segundo os dados do JP Morgan, em 30 dias o risco subiu 45% na Colômbia, e 35% no Peru. Ainda na América Latina, o México teve expansão de 26% na mesma base de comparação, enquanto os também emergentes África do Sul e Rússia marcam alta de 31% e 19%, respectivamente.
Explicações – A política americana de juros baixos para estimular sua economia contribuiu para a maior disponibilidade de dinheiro no mundo e ajudou na queda dos riscos. Contudo, agora que a maior economia do mundo dá sinais de melhora, é possível que a disponibilidade de dinheiro barato diminua.
Nas últimas semanas foi observada migração de recursos que estavam alocados em vários países em direção aos EUA. A busca pelos EUA aumenta o preço de ativos naquele mercado e, no caso da renda fixa, reduz o juro. Assim, a diferença entre a rentabilidade paga pelos títulos americanos e de outros países aumenta inevitavelmente. Tal cenário tem sido usado como explicação para a valorização do dólar ante a maior parte das moedas mundiais nas últimas semanas.