Com mudanças no mercado, trabalhadores do conhecimento tendem a ocupar, cada vez mais, os principais espaços. Os restantes vão ter que correr atrás
A natureza do trabalho está
mudando. Prepare-se, é a dica que eu dou!
Trabalhos complexos que dependem
de pessoas especializadas vão pagar cada vez mais. Trabalhadores do
conhecimento, executivos de alto escalão, médicos altamente treinados,
programadores e outras pessoas que usam sua inteligência no mercado, podem
esperar ser cada vez melhor remunerados.
Por outro lado, trabalhadores da
linha de frente, aqueles no balcão de atendimento dos restaurantes, e outra
tarefas que não exigem tanto estudo, podem esperar ficar cada vez mais
distantes dos requisitos necessários para chegar ao primeiro time. Sem
habilidades diferenciadas, e muitas vezes ruim de trabalho, essas pessoas estão fadadas a ganhar a vida
executando tarefas simples, com poucas perspectivas de crescimento.
E o pessoal do meio? Os gerentes
médios, profissionais sem especialização, aqueles fáceis de substituir ou até
automatizar com um bom sistema de informação? Esses vão se tornar cada vez mais
raros (e pobres).
Não estou falando, de um futuro
distante Sec XXII ou que vi em algum
sonho ou nas cartas do tarôt. Estamos falando da “economia dos ponteiros dos
segundos”, tema que está se tornando realidade em países como Estados Unidos e
Inglaterra, e que em breve podemos esperar chegar por aqui.
O raciocínio é mais ou menos o
seguinte: antigamente as empresas precisavam de grandes contingentes de pessoas
de “nível médio”. Fossem os gerentes e supervisores em grandes empresas, ou
aqueles funcionários responsáveis por um ou outro processo. Essas pessoas
possuíam algum nível educacional, mas nada de destaque, e um salário que os
colocavam na classe média para o resto da vida.
Então vieram os avanços da
reengenharia. Diferentes técnicas e tecnologias de gestão achataram cada vez
mais as empresas, melhorando os resultados e de quebra tornando irrelevante o
trabalho de muita gente. Ao mesmo tempo, a tecnologia da informação crescia,
sistemas automatizados avançavam em todas as carreiras profissionais,
melhorando muita coisa ao mesmo tempo que tornavam os profissionais
responsáveis em reunir, processar e buscar dados cada vez mais irrelevantes.
Outras tecnologias, como a robótica, reduziram imensamente a necessidade de
pessoal enquanto aumentavam a produtividade. Tarefas que precisavam de centenas
de trabalhadores agora são feitas com poucas pessoas qualificadas.
Com isso tudo, alguns países já
estão tendo que lidar com um fenômeno novo: De um lado, uma elite profissional
altamente qualificada, com salários e perspectivas fantásticos. De outro, uma
grande massa de pessoas fazendo trabalhos braçais, necessários mas que não
dependem de nenhuma qualificação. A classe média, cada vez mais espremida,
começa a sumir. Daí o nome: Ao invés da tradicional pirâmide de classes, com
uma maioria na classe baixa, seguida de classe média e os ricos no topo, as
sociedade modernas estão começando a parecer mais com ampulhetas: Um maior
número de ricos, um maior número de pobres, e menos gente entre eles.
Antes que alguém venha jogar
pedras e dizer que a solução é o comunismo, lembro que os fatores que estão
levando a isso dependem mais da natureza do conhecimento e do trabalho no
século XXI do que algum plano malvado. O trabalho ficou mais complexo, e quem
sabe lidar com isso é bem remunerado. Quem ficou para trás ficará ainda mais
para trás.
No Brasil, apesar de termos
nossas peculiaridades, podemos prever que ocorrerá algo parecido. Afinal, é um
fenômeno do tempo em que vivemos. Em todo caso, é sempre melhor se preparar
para uma mudança, mesmo se o impacto aqui não for o mesmo, do que não fazer
nada e ser pego desprevenido.
A boa notícia é que o caminho
para o topo da ampulheta é bastante claro: Carreiras de alto valor agregado. Se
o conhecimento que você possui, as habilidade que você tem e o trabalho que
você desenvolve são sofisticados e diferenciados, o mundo nunca pareceu tão bom
para você. A notícia é ruim para aqueles
acomodados, felizes no conforto da mediocridade. Se seu trabalho é “mais ou
menos”, e hoje você se sente seguro, isso pode mudar rapidamente.
E então, você está preparado para
viver sobre o ponteiro do relógio e ser Trabalhador do Conhecimento?