sábado, 22 de setembro de 2012

A Antimaçonaria


Antimaçonaria é um movimento coordenado, mas autônomo, nascido principalmente nos EUA em meados do século XX e formado quase majoritariamente por fundamentalistas religiosos ou ex-maçons, os quais enveredam para a crítica à Maçonaria por diversos motivos alegados. Há também ação antimaçônica organizado por específicos movimentos políticos, cujo maior afloramento ocorreu na Europa para defesa de sua manutenção contra a Maçonaria, vista como opositora natural destes. À parte destes âmbitos religiosos e políticos há também o que se poderia denominar de “antimaçonaria popular” que seria composta pelas opiniões convergentes de indivíduos influenciados por estes e que reproduzem o discurso antimaçônico no âmbito local de suas relações interpessoais

Esta coordenação da Antimaçonaria não deve ser interpretada como se existisse um órgão central que oriente a ação antimaçônica mundial, centralizando as formas de ação, mas antes se dá pelo fato de seguirem uma metodologia semelhante e tomarem decisões similares, seja no âmbito religioso seja no político, de modo que mesmo separados ideologicamente é possível traçar pontos de contato entre eles que forneçam uma identidade cognoscível ao pesquisador.

Verdade que já existiram movimentos religiosos e políticos antimaçônicos anteriores ao século XX ou mesmo no seu início (há relatos que em 1738 a Igreja Católica já se opôs à Maçonaria por considerá-la anticristã por meio da Bula In Eminenti), mas quase sem exceção todos faziam parte de movimentos políticos totalitaristas que pretendiam garantir-se no poder, tais como o Salazarismo, o Fascismo, o Nazismo, o Socialismo e o Comunismo (este determinou a eliminação da maçonaria no 4º Congresso da III Internacional, em novembro de 1922). Todos proscreveram a Maçonaria de suas terras para que os homens não tivessem um organismo neutro no qual se apoiar contra alguma forma de Ditadura .

Algumas expressões políticas norte-americanas, notadamente a fundação do Partido Antimaçônico no séc. XIX, apesar de não transparecerem influência religiosa mas meramente política, principalmente depois da repercussão do Caso Morgan em 1826, podem ter sido deflagradas como consequência dos movimentos religiosos já vistos até então.

Acusada de ser atualmente formada por fundamentalistas religiosos a Antimaçonaria preza pela reputação de seus representantes e exporta para o Brasil esta ideologia, o que pode sugerir que a Maçonaria seja uma coisa só  em todos os lugares onde esteja e que esta “coisa” é “anticristã” ou politicamente revolucionária.

 

 

Detalhe da nota de um dólar americano.

A maioria dos religiosos brasileiros já ouviu falar ou leu artigos de pessoas como Pat Robertson (conhecido por afirmações polêmicas sobre vários temas), David Bay, William Schnoebelen (cristão fundamentalista estadunidense que afirma ter sido satanista), Edward Decker e John Ankerberg, que são os mais expressivos expoentes da Antimaçonaria religiosa norte-americana.

De fato a Maçonaria tem três correntes principais: a Regular, a Irregular e a Paralela/marginal/espúria e sem que haja uma análise crítica sobre a identidade do tipo de Maçonaria com a qual os antimaçons tiveram contato, a tendência é a anular a diferença entre elas e atacar a todo movimento maçônico indistintamente pois afirmam que esta diferença nada mais seria que um meio de enganar aos menos atenciosos e simular uma rivalidade “intramaçônica” para que aquela vertente que parecesse mais afeita ao contexto social se inserisse neste meio e instilasse suas estratégias religiosamente sincréticas ou politicamente subversivas.

Maçonaria Regular seria aquela de origem católico-protestante, iniciada como "Operativa" por volta de 1356 e tornada "Especulativa" em 1717, a qual sempre esteve ligada ora a Igreja Católica ora aos Protestantes quando a primeira se lhes fez oposição. Atualmente ela se apresenta como neutra em assuntos políticos e religiosos, atendo-se precipuamente aos estudos de filosofia moral pela ótica dos filósofos que existiram desde a Antiguidade até a época presente e mantém seu liame histórico ligado à Grande Loja Unida da Inglaterra e tem tradicionalmente na Bíblia Cristã a sua fonte de explanações morais e metafísicas e fonte da Lei Universal de Deus.

A Maçonaria Irregular pode-se dizer que se compõe de todos os maçons, Lojas e Potências que não sejam reconhecidos pela Grande Loja Unida da Inglaterra. Abarcam também as chamadas "maçonarias mistas" e "femininas" e pessoas ateias, além de contar com elementos de misticismo totalmente incompatíveis com as origens da Maçonaria Regular. E principalmente aliciamento pela Internet, com Lojas virtuais e sites de maçonaria irregular. Sem dizer nos valores vultuosos que cobram pela "jóia" de iniciação. E nada tem de valor perante à Maçonaria Regular.

A maçonaria tem o jeito próprio de convidar os iniciados e regras claras.

Alguns defendem que o filão descrito como "maçonaria paralela" não deveria utilizar o título "Maçonaria", pois possuem supostamente elementos contraditórios à Maçonaria regular, como, por exemplo, a aceitação em seu meio de místicos pagãos, tal qual bruxos, satanistas, luciferianos e outras correntes similares. A grande maioria dos bruxos do século XIX dela fizeram parte, tais como Eliphas Lévi, alguns teósofos, Annie Besant, Aleister Crowley (o mais famoso deles), Reuss e Anton LaVey, entre outros mais.

Os defensores da Maçonaria afirmam que os antimaçons usam aquilo que leem dos escritos dos "maçons paralelos" (que segundo aqueles, em sua maioria, seriam anticristãos e satanistas) para fundamentar as bases da Antimaçonaria, o que a tornaria inapta para validar toda a Maçonaria, ao que a Antimaçonaria afirma que a diferença entre elas é meramente aparente e uma forma de dissimulação, de modo que mesmo que a análise seja feita apenas usando um autor notadamente esotérico ou anticristão, o argumento antimaçônico é válido para toda organização que siga a filosofia maçônica.

Os antimaçons principiam seus ataques à Maçonaria questionando a sua visão religiosa e sua atuação política.