sábado, 28 de setembro de 2013

Calcanhar de Aquiles e os Soberbos





Os poderosos costumam ter um certo senso de invulnerabilidade. O sucesso ao longo da vida reforça a autoconfiança até o momento que turva a razão, fazendo com que se sintam invencíveis. Eles se entorpecem com a própria capacidade num fenômeno chamado inflação do Ego e começam a pensar que o que se aplica aos outros não se aplica a eles. Os poderosos se tornam arrogantes. 

Ao se colocarem numa pretensiosa posição superior, perdem o contato com as coisas inferiores. É o inicio da queda. A arrogância antecede a ruína porque considera inofensivos riscos que poderiam ser prevenidos a tempo. Os poderosos ficam, desta forma, vulneráveis a detalhes inesperados que podem colocar a perder tudo aquilo que foi conquistado. Isso se resume num antigo ditado grego que diz: "quando os deuses querem destruir alguém eles primeiro o enaltecem".

A experiência mostra que coisas menores, baixas e desprezadas, são justamente as tendem a acertar os poderosos em seu ponto fraco. Vejamos alguns casos:

Aquiles, o mais forte de todos os guerreiros, foi morto por uma flecha atirada a esmo que atingiu seu frágil calcanhar.

 A monarquia francesa caiu por revoltas que iniciaram com o aumento do preço do pão. Mike Tyson, no auge da carreira, foi nocauteado por Buster Douglas, um lutador de segunda categoria. Fernando Collor teve que renunciar à Presidência do Brasil por causa da compra de uma Fiat Elba. Antonio Palocci perdeu o cargo no Ministério da Fazenda em função do depoimento de um humilde caseiro. 

No Oriente Médio, governos totalitários começam a ruir por conta de movimentos sociais iniciados por ciadãos comuns. George W Bush foi ridicularizado com uma inimaginável sapatada. Rupert Murdoch teve seu império posto em cheque por causa de um escândalo no jornal News of the World que representava menos de 1% de seus negócios. 

Dominique Strauss-Kahn, forte candidato à presidência da França, foi preso e perdeu a presidência do FMI porque uma camareira o acusou de tê-la estuprado num hotel de luxo. 

Os políticos brasileiros enfrentaram protestos iniciados pelo aumento de R$0,20 nas passagens de ônibus.

Esses casos representam uma clássica estrutura arquetípica, que deveria ser considerada e estudada em profundidade pelos detentores de poder.

Então cuidado....quanto mais alto....maior a queda!


Vida Ruim = Excesso de Informação + Ansiedade


                                                                                                 
                                                                                  
"Estou tão acelerado que começo uma conversa ao telefone e depois logo quero desligar e fazer em outra coisa". "Faltam horas no meu dia. Estou sobrecarregado, e com as mudanças acontecendo na empresa, as coisas estão piorando". "Recebo e-mails demais, não dou conta de responder". 

Isso já aconteceu com você? virou o coelho de Alice no País das Maravilhas?

Lembra quando não existia celular, email, sms, facebook e smartphones? Não faz muito tempo. Saíamos para almoçar com tranquilidade, conversavamos sem interrupções, depois voltavamos caminhando lentamente para o trabalho para resolver as coisas que faltavam. As 18:00hs já estavamos indo para casa. Essa vida acabou, pelo menos nas metrópoles. 

Ninguém mais anda devagar nos grandes centros. Todos se movimentam o mais rápido possível para dar conta do que fazer. Foi feita uma pesquisa em 31 países para medir a velocidade das pessoas caminhando nas ruas. Nos últimos anos a velocidade média subiu de 4,78 km/h para 5,26 km/h. isso é prova inequívoca de que o ritmo de vida está acelerando. As pessoas estão todas doidas e correndo.

Historicamente, a maior transformação no ritmo de vida ocorreu com a industrialização. Antes ninguém usava relógio. Os encontros eram marcados pela manhã, ao meio dia ou no final da tarde. Nunca depois do almoço, porque havia o sagrado cochilo da "siesta". Mas as técnicas de produção acabaram com essa moleza. Todos passaram a ter hora certa para chegar nas fabricas porque se alguém se atrasasse atrapalharia a linha de produção. Junto com os relógios de ponto, os relógios de pulso se tornaram populares. 

O novo ritmo, ditado pelas máquinas, mudou até a literatura. As histórias breves, escritas para serem lidas do começo ao fim num curto espaço de tempo, começaram a desbancar os grandes romances de 500 ou mais páginas. Ler um romance hoje é quase impossível. Durante a semana, inviável. No final de semana, quando pegamos o livro, precisamos reler quase tudo porque perdemos o fio da meada. Quando começamos a embalar na leitura, surge alguma coisa para nos distrair. 

A internet e as novas tecnologias não estão apenas diminuindo nosso tempo livre, estão também limitando nossa atenção. O stress da vida contemporânea vem fazendo diminuir nosso tempo médio de atenção. Na última década, o que chamam de "attention span" caiu de 12 para menos de 5 minutos. Esse é o tempo que conseguimos focar numa coisa. O que mais assusta é o motivo do interesse da seguradora: "A falta de atenção tem sérios impactos na realização de tarefas e aumenta o risco de acidentes", afirmam. 

Fazer muitas coisas ao mesmo tempo  e a ansiedade produz consequências preocupantes. O excesso de informação e a fragmentação do trabalho nos fazem perder capacidade cognitiva, dificultando a consolidação de informações e a discriminação. Não sabemos mais o que é importante e o que não é, buscamos apenas o que é novo. Apesar de termos uma impressão de eficiência, acabamos não fazendo nada direito. As constantes interrupções são contraproducentes e limitam nossos potenciais. Quando não há concentração, nossa produção equivale à de uma pessoa com QI 20% inferior.

Os jovens são os mais afetados. Há uma verdadeira epidemia de défcit de atenção entre eles. Em vários casos o problema é o excesso de estímulo e informação, porém muitos acabam sendo medicados.

O avanço tecnológico não vai parar, nem o turbilhão da vida agitada. Cabe a cada um aprender a fazer bom uso das novas ferramentas e encontrar soluções para melhorar a própria vida e a dos que estão à sua volta.

Pois a vida está Ruim! E muitos se enganam que está boa!

Então eu sugiro: PARE ! Reveja seus conceitos enquanto há tempo!

Crise dos 40! Nas empresas de família!



Assim como no desenvolvimento humano individual, os 40 anos constituem um momento particularmente sensível na vida das empresas, e especialmente nas empresas familiares, os quarenta anos são também um ponto de transição importante, muitas vezes vital para a sobrevivência dessas organizações.

Empresas familiares são formadas por pessoas com vínculos afetivos intensos e íntimos. Estes vínculos podem ser a razão da existência da empresa, mas podem também ser a razão de seu fim, se não forem elaborados e canalizados criativamente. Estudos mostram que ao redor dos quarenta anos de existência a empresa familiar atravessa uma importante crise, resultado do entrelaçamento de ciclos de vida dos indivíduos envolvidos na empresa.

Empresas têm vida psicológica e ciclos de desenvolvimento, assim como crises típicas e previsíveis. Uma destas crises, talvez a mais importante, é a que se produz quando o individuo que fundou a empresa passa a conviver dentro da organização com seus filhos, filhas, e eventualmente genros e noras. Cria-se um sistema complexo de relações pessoais, no qual todos os sentimentos e conflitos próprios das famílias estão presentes no cotidiano da gestão do negócio, sobrecarregando as decisões com critérios de ordem afetiva.

A racionalidade diz que negócios deveriam ser conduzidos por critérios de competência e resultados, e não por sentimentos. Na vida da empresa familiar o uso das regras de família aplicadas à empresa costuma ser a primeira fonte de conflitos e de maus resultados.

A razão pela qual a crise acontece aos quarenta anos é simples, são linhas da vida individual que cruzam com linhas do desenvolvimento coletivo. Numa história típica da empresa familiar temos habitualmente a seguinte configuração: um individuo começa um negocio quando tem por volta de 25 anos. Casa-se e tem filhos. Seu negocio, impulsionado pela sua paixão e competência cresce a longo dos anos. Aos sessenta e tantos anos, seu olhar sobre a vida mudou, amadureceu, adquiriu experiência. Seus filhos cresceram, estão entre os trinta e os quarenta anos de vida. A situação pré-crise está instalada. Na linha intergeneracional, temos pessoas de duas gerações, com pontos de vista sobre a vida e o negócio muito diferentes, com necessidades existenciais diversas. O pai já provou sua competência e exerceu suas idéias sobre o negócio com liberdade. Os filhos querem e sentem que estão prontos para conduzir as decisões e as estratégias da empresa. Precisam ainda provar para si mesmos e para os outros sua capacidade.

Na linha intrageneracional temos a rivalidade entre irmãos, os conflitos com os agregados, a disputa pelo poder. Num sistema complexo de relações, podemos ter ainda toda a gama de conflitos com os funcionários não família da empresa.

A descrição sumaria desta crise mostra que situações deste tipo devem ser conduzidas por times multidisciplinares que tenham profissionais com conhecimentos profundos de dinâmicas psicológicas de famílias, assim como de Direito, Administração e Finanças. Nenhum profissional isoladamente tem conhecimentos que contemplem a complexidade destes sistemas.

Prevenção primaria significa tentar se antecipar à crise e impedi-la. Prevenção secundaria significa tratar da crise e impedir conseqüências muito negativas. O conhecimento da previsibilidade da crise nos permite agir nos dois níveis de prevenção, o descuido no entanto, ajuda a agravar as estatísticas nada favoráveis de mortalidade das empresas familiares. 

Cerca de 97% delas não sobrevivem à 3ª geração.

segundas-feiras desanimadas? Você está na profissão errada!



                                                                               

Uma pesquisa feita recentemente constatou que 25% dos brasileiros ainda trabalham insatisfeitos. "Há uma grande parcela que precisa aceitar atividades que estão disponíveis por não ter oportunidade de atuar em outras áreas". Por isso, para alguns profissionais, encarar a segunda-feira ainda é um drama. "Tem gente que já começa a sofrer no domingo e acha que não vai suportar mais uma semana".

Muitos  médicos e psicólogos confirmam que quem não faz o que gosta tende a desenvolver sintomas de estresse crônico. "Irritabilidade, cansaço, tristeza, apatia, ansiedade, quadros agressivos e até um estado de humor depressivo", a quantidade de problemas de saúde pode ser um sinal de que a pessoa não está feliz profissionalmente. "A doença acaba sendo usada como fuga, ou seja, uma maneira de a pessoa ficar longe daquele ambiente que tanto a incomoda". já tive funcionários assim.

É claro que toda profissão tem altos e baixos. E ninguém precisa estar sempre bem disposto e satisfeito com tudo. "Estar na profissão errada é não ser apaixonado por aquilo que faz. O importante é conseguir, apesar dos dias ruins e das frustrações, olhar para o espelho e dizer ‘estou satisfeito’”, explica Denilson Forato , quem faz o que gosta enxerga o futuro com perspectiva, ao contrário daquele que fica de olho no relógio, contando os minutos para encerrar o expediente. 

 "Por isso, ao detectar o problema, é importante fazer uma avaliação para saber se é a profissão ou o ambiente atual que incomodam, o chefe e até mesmo a função que lhe foi atribuída". Em alguns casos, uma readequação já é capaz de provocar motivação. No entanto, se o rumo tomado realmente não tem nada a ver com a sua vocação, é melhor preparar um cronograma. "Não adianta 'chutar o balde'. É melhor ir devagar e pesquisar quais recursos serão necessários para essa mudança".

A partir do momento que a pessoa detecta o problema e decide traçar um plano para mudar o rumo profissional, é preciso preparar-se para enfrentar críticas. Comentários como ‘você está louco!’, ‘agora que conseguiu uma promoção’ ou ‘você vai abrir mão desse salário’ podem surgir dos colegas de trabalho, amigos e familiares. No entanto, o que está em jogo é a felicidade. Ter coragem de mudar é algo muito significante. E quanto antes o profissional se lançar às mudanças, mais vantagens terá. "Posso ter realizado uma escolha e constatar que não foi a melhor. Porém, permanecer nessa escolha é muito prejudicial".

A escolha profissional, geralmente, é feita na adolescência. Mas o jovem dificilmente tem maturidade suficiente para realizar tal escolha. Por isso, alguns seguem caminhos equivocados; outros são influenciados pelo desejo da família para que siga uma determinada carreira. "O jovem acaba ‘comprando’ uma ideia, sem saber se realmente acredita naquilo”, explica Sampaio. E não adianta escolher a profissão sem levar em conta suas habilidades. Durante muito tempo, as pessoas buscavam o sucesso profissional para ser feliz. Hoje, muitos estudos defendem que é preciso ser feliz para conquistar o sucesso.

Dou uma sugestão para você avaliar se está na profissão certa. "Se recebesse uma ‘bolada’ e pudesse ter mensalmente o equivalente ao seu salário atual, o que faria?". Para  quem ama o que faz, jamais deixaria de trabalhar. "A pessoa pode dizer que diminuiria o ritmo ou abriria um negócio próprio". Já quem está na profissão errada, com certeza, é taxativo: "Pediria demissão imediatamente".

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Economia como entender com imaginação



É difícil existir outra área do conhecimento mais aberta que as ciências econômicas. Nenhuma surpresa. Várias vezes ao dia nos vemos engajados em algum negócio, seja tomando um cafezinho seja fechando grandes transações financeiras. E mais, somos bombardeados com notícias sobre economia o tempo todo. É um convite irresistível para debates, às vezes bem acalorados, envolvendo as teses e opiniões de cada um acerca desse instigante assunto. Afinal de contas, todo brasileiro é Ministro da Fazenda e técnico da seleção nacional de futebol.


Nas discussões um pouco mais sofisticadas, as pessoas frequentemente utilizam argumentos racionais (teoria) ilustrados por exemplos práticos. É pré-requisito indispensável em qualquer exercício racional que os interlocutores sejam capazes de construir relações abstratas, erguidas sobre os alicerces dos princípios lógicos, especialmente da lógica da ação humana quando o assunto é Economia. Em outras palavras, é preciso pensar, elucubrar. Nos parágrafos posteriores tentarei enfatizar o quão importante é o uso da imaginação nas análises econômicas.

Frédéric Bastiat, jornalista e economista francês do século XIX, brilhantemente apontou a importância daquilo que não é captado imediatamente pelos olhos. Em seu famoso ensaio O que se vê e o que não se vê, Bastiat explora a chamada "falácia da vidraça quebrada". Diante de uma vitrine quebrada por um enfant terrible, um grupo de adultos consola o dono da loja, argumentando que aquele incidente, à primeira vista negativo, seria convertido em benefícios para a comunidade. O proprietário compraria uma nova vidraça, beneficiando o vidraceiro, que por sua vez teria sua renda aumentada, podendo gastá-la com outros bens e serviços, provocando uma espécie de reação em cadeia positiva para todos. O garoto, aproveitando um termo muito em voga em nosso tempo, teria gerado um "estímulo" à economia local, segundo as testemunhas.

Eis que Bastiat desmonta a pegadinha. Sim, é verdade que o vidraceiro foi beneficiado com um novo pedido, e que esta renda pôde ser gasta com outros produtos, de outros indivíduos. Isso é o que se vê. Mas o lojista perdeu uma vidraça... Caso ela não fosse quebrada, o proprietário poderia desembolsar aquele valor em outras benfeitorias, por exemplo instalando mais prateleiras no estabelecimento. O mesmo processo de circulação de recursos seria desencadeado, com a diferença que a comunidade teria mais bens disponíveis. Isso é o que não se vê. O autor francês mostra, no final das contas, o quão importante são as abstrações do tipo "e se...", sempre apoiadas pela lógica da ação, essa magnífica ferramenta da razão humana.

Vejamos outra aplicação da mesma técnica. Quando os mercados são entendidos como processos dinâmicos, impulsionados pelo incansável trabalho dos empresários, a mera capacidade de abstrair fenômenos é fundamental para compreender as forças importantíssimas numa economia livre. Por exemplo, é pertinente dizer que não é satisfatório enxergar a concorrência nos mercados apenas pelo número de empresas neles atuantes, ou seja, por aquilo que se vê. Existem setores com vários ofertantes e baixa concorrência; por outro lado, há casos com apenas uma firma em campo e que constantemente procura melhorar seus produtos e atender melhor seus clientes, comportamento típico de mercados com acirrada competição. Nesse sentido, uma abordagem que contemple a idéia de concorrência potencial tem maior capacidade descrever a realidade.

A possibilidade de ter seu quinhão contestado leva os empresários a agirem como se estivessem sob competição efetiva. Lucros altos e consumidores relativamente insatisfeitos funcionam como sinalizadores para que empreendedores e investidores direcionem recursos para o setor em questão. Um caso emblemático é o famoso site de pesquisas Google. Apesar de concentrar mais de 90% das pesquisas feitas na rede, a empresa continuamente procura melhorar seus produtos e serviços. Benevolência? Não, concorrência potencial. Como a internet é um dos últimos rincões de plena liberdade de investimento, quem faz dela seu ganha-pão sabe que deve estar um passo à frente de seus concorrentes, ainda que efetivamente eles possam não existir.

Os resultados esperados da competição (preços declinantes, incremento na qualidade etc) dependem, nesse sentido, mais da possibilidade de entrada de novos investidores nos mercados do que o número de empresas em si. A liberdade de realização de novos investimentos, por sua vez, relaciona-se com a ausência de barreiras institucionais e burocráticas. Num breve parêntese, é interessante notar como grandes empresas estabelecidas não veem com maus olhos a progressiva regulamentação que os governos mundo a fora têm promovido. A regulamentação dos mercados acaba por protegê-las, dificultando a entrada de novos concorrentes. Mais uma vez, é preciso considerar aquilo que não se vê.


Henry Hazlitt, em seu clássico Economia Numa Única Lição resenha  : (http://www.hacer.org/pdf/Hazlitt02.pdf)  , de forma muito perspicaz postulou que "a arte da economia está em considerar não só os efeitos imediatos de qualquer ato ou política, mas, também, os mais remotos; está em descobrir as consequências dessa política, não somente para um único grupo, mas para todos eles." No atual cenário de crescente intervencionismo e de noticiário econômico muitas vezes confuso, os ensinamentos de Bastiat e Hazllitt são cada vez mais importantes.

 Na próxima conversa com seus amigos, fique atento com aquilo que os olhos não enxergam. Pense nisso e use sua imaginação.

Explicando o Capitalismo! Usando Robson Crusoé!



Querer ajudar os pobres e necessitados é um sentimento nobre e correto, e está presente em sua forma mais pura principalmente nos jovens e adolescentes.  Mas é necessário ter alguns cuidados para não se deixar ser manipulado.  É necessário estudar a situação com grande rigor científico, caso contrário corre-se o risco de acabar punindo aquele a quem se quer ajudar.

Riqueza e pobreza

A diferença entre o Robinson Crusoé pobre e o Robinson Crusoé rico é aparentemente simples, porém essencial: o rico dispõe de bens de capital.  E para ter esses bens de capital, ele teve de poupar e investir.  

Bens de capital são fatores de produção — no mundo atual, ferramentas, maquinários, computadores, equipamentos de construção, tratores, escavadeiras, britadeiras, serras elétricas, edificações, fábricas, meios de transporte e de comunicação, minas, fazendas agrícolas, armazéns, escritórios etc. — que auxiliam os seres humanos em suas tarefas e, consequentemente, tornam o trabalho humano mais produtivo.

Vou dar um exemplo didático:

Os bens de capital do Robinson Crusoé rico (por exemplo, uma rede e uma vara de pescar, construídas com bens que ele demorou, digamos, 5 dias para produzir) foram obtidos porque ele poupou (absteve-se do consumo) e, por meio de seu trabalho, transformou os recursos que ele não havia consumido em bens de capital.  Estes bens de capital permitiram ao Robinson Crusoé rico produzir bens de consumo (pescar peixes e colher frutas) e com isso seguir vivendo cada vez melhor.

Já o Robinson Crusoé pobre, por sua vez, não dispõe de bens de capital.  Todo o seu trabalho é feito à mão.  Consequentemente, ele é menos produtivo e, por produzir menos e ter menos bens à sua disposição, ele é mais pobre e seu padrão de vida é mais baixo.
O Robinson Crusoé rico é mais produtivo.  E, por ser mais produtivo, não apenas ele pode descansar mais, como também pode poupar mais, o que irá lhe permitir acumular ainda mais bens de capital e consequentemente aumentar ainda mais a sua produtividade no futuro.  Já o Robinson Crusoé pobre consome tudo o que produz.  Ele não tem outra opção.  Como ele não é produtivo, ele não pode se dar ao luxo de descansar e poupar.  Essa ausência de poupança compromete suas chances de aumentar seu padrão de vida no futuro.

O mesmo raciocínio pode ser aplicado para se diferenciar uma nação rica de uma nação pobre.


Que diferença há entre EUA e Índia?  Será que a população indiana é mais pobre porque trabalha menos?  Não.  Na Índia, trabalha-se até mais do que nos EUA.  Será que um indiano — ou um egípcio ou um mexicano ou um haitiano — possui menos conhecimento tecnológico que um americano ou um suíço?  Não, o conhecimento está hoje disperso pelo mundo e tende a ser o mesmo.  Com efeito, os técnicos indianos são reconhecidos como uns dos melhores do mundo.  Então, por que há pessoas desnutridas e morrendo de inanição em Calcutá mas não em Zurique ou em San Francisco?

A diferença entre uma nação rica e uma nação pobre pode ser explicada exclusivamente por um único fator: a nação rica possui uma quantia muito maior de bens de capital do que uma nação pobre

Ao passo que na Índia um agricultor cultiva sua terra com duas vacas e um arado, nos EUA, um agricultor utiliza um trator e um computador.  E, com esses bens de capital, ele é múltiplas vezes mais produtivo que seu congênere indiano.  O americano seria o Robinson Crusoé rico, que possui uma rede e uma vara de pescar; o indiano seria o Robinson Crusoé pobre, que utiliza as próprias mãos para colher alimentos.

Quando um indivíduo tem de utilizar apenas o trabalho de suas mãos, e o produto que ele produz é utilizado imediatamente para seu consumo final, ele é pobre.  Quando este mesmo indivíduo passa a utilizar bens de capital, como tratores, computadores e vários tipos de máquinas — os quais só puderam ser construídos graças à poupança e ao subsequente investimento de outras pessoas —, ele pode multiplicar acentuadamente sua produtividade e, consequentemente, ser muito mais rico.

Quanto maior a estrutura de produção — isto é, quanto maior o número de etapas intermediárias utilizadas para a produção de um bem —, mais produtivo tende a ser o processo de produção.  Por exemplo, se o bem de consumo a ser produzido é o milho, você tem de preparar e cultivar a terra.  Você pode fazer tal tarefa com um arado ou com um trator.  O trator moderno é um bem de capital cuja produção exige um conjunto de etapas muito mais numeroso, complexo e prolongado do que o número de etapas necessário para a produção de um arado.  Consequentemente, para arar a terra, um trator moderno é muito mais produtivo do que um arado.  Portanto, o processo de produção do milho será mais produtivo caso você utilize um trator (cuja produção demandou um processo de várias etapas) em vez de um arado (cujo processo de produção é extremamente mais simples).


Isto explica por que um trabalhador nos EUA ganha um salário muito maior do que um trabalhador na Índia executando a mesma função.  O primeiro possui à sua disposição bens de capital em maior quantidade e de maior qualidade do que o segundo.  Logo, o primeiro produz muito mais do que o segundo em um mesmo período de tempo.  Quem produz mais pode ganhar salários maiores.

Essa é a característica que diferencia um país rico de um país pobre.

Implicações lógicas

A única maneira de se favorecer as classes trabalhadoras e os mais pobres, portanto, é dotando-lhes de bens de capital, os quais são produzidos graças à poupança e ao investimento de capitalistas

O que é um capitalista?  Capitalista é todo indivíduo que poupa (que consome menos do que poderia) e que, ao abrir mão de seu consumo, permite que recursos escassos sejam utilizados para a criação de bens de capital.

Consequentemente, se um determinado país pobre quer enriquecer, ele deve criar um ambiente empreendedorial e institucional que garanta a segurança da poupança e dos investimentos.  A única maneira de se sair da pobreza é fomentando a poupança, permitindo o livre investimento da poupança em bens de capital, e estabelecendo um sistema de respeito à propriedade privada que favoreça a criatividade empresarial e a livre iniciativa.  Em suma, deve-se permitir que os capitalistas tenham liberdade e segurança para investir e desfrutar os frutos de seus investimentos (o lucro).

Um país que persegue os capitalistas, que tolhe a livre iniciativa, que não assegura a propriedade privada, que tributa os lucros gerados pelos investimentos, e que cria burocracias e regulamentações sobre vários setores do mercado é um país condenado à pobreza.  Já um país que fomenta a poupança, que respeita a propriedade privada, e que permite a liberdade empreendedorial e a acumulação de bens de capital é um país que sairá da pobreza e em poucas gerações poderá chegar à vanguarda do desenvolvimento econômico.

Cigarras e formigas

Vivemos em um mundo repleto de demagogia e de políticos populistas.  Estes são os principais inimigos da criação de riqueza.  Acrescente-se a isso um arranjo democrático, e o estrago tende a ser irreversível.

Se um partido político prometer que, uma vez eleito, os salários serão duplicados e as horas de trabalho serão reduzidas à metade, suas chances de chegar ao poder tendem a aumentar.  Caso ele de fato seja eleito e decrete tais medidas, o país empobreceria de imediato.  Manipular salários ou mesmo imprimir dinheiro para manipular a taxa de juros são medidas que absolutamente nada podem fazer para contornar o fato de que vivemos em um mundo de escassez.  E escassez significa que os recursos têm antes de ser poupados para só então serem investidos para criar bens de capital.  Manipulação de salários e juros não pode abolir a escassez.  Não pode aumentar a quantidade de bens de capital e nem a produtividade dos trabalhadores.  A necessidade de se abster do consumo (poupar) é um sacrifício que não pode ser encurtado por políticas populistas.  O enriquecimento não é algo que pode ser alcançado pela demagogia.

Se este mesmo partido prometer apenas uma "redistribuição de riqueza", tirando dos ricos para dar aos pobres, os efeitos tendem a ser igualmente devastadores.  Seria o triunfo da filosofia da cigarra sobre a filosofia da formiga.  É fácil entender como se daria este efeito deletério.

Os proprietários dos bens de capital de uma economia são os capitalistas.  Se o partido que está no poder for seguidor de uma ideologia socialista que defenda a expropriação dos capitalistas e a subsequente entrega de seus bens de capital para os trabalhadores, o que ocorrerá caso esta política seja implantada é que estes trabalhadores irão apenas consumir este capital, pois tal consumo fará com que seu padrão de vida aumente momentaneamente.  A consequência?  Tendo consumido o capital, todas as etapas intermediárias dos processos produtivos serão extintas.  A estrutura de produção da economia será dramaticamente reduzida.  A produtividade despencará.  Todos estarão condenados à pobreza. 

A riqueza física dos ricos está justamente na forma de sua propriedade de bens de capital — que foram criados por meio da poupança e disponibilizados para o uso dos trabalhadores —, os quais possibilitam um aumento da produtividade e consequentemente dos salários dos trabalhadores.  A redistribuição da propriedade destes bens de capital levará apenas ao seu consumo imediato, impossibilitando-os de criar mais riqueza no futuro.
A riqueza só pode ser criada por meio da poupança e da acumulação de bens de capital.  Não há atalhos para esse processo. 

O mesmo raciocínio é válido para uma situação que envolva apenas a redistribuição de dinheiro.  Um milionário que tenha quase todo o seu dinheiro distribuído aos pobres, de modo a ficar praticamente com a mesma renda deles, fará apenas com que a população desta economia esteja indubitavelmente mais pobre no futuro.  Os beneficiados por essa redistribuição irão apenas consumir o seu dinheiro — pois isso lhes trará um imediato aumento de seu padrão de vida — e não mais haverá poupança (abstenção de consumo) nesta sociedade que permita a acumulação de bens de capital.  Em vez de postergar o consumo para possibilitar a criação de bens de capital, haverá apenas um intenso consumo presente do capital existente.  O Robinson Crusoé rico deu sua rede e sua vara de pescar para Sexta-Feira, que as consumiu e deixou ambos com um padrão de vida futuro bem mais reduzido.


A redistribuição de riqueza gera pobreza e perpetua a pobreza.  Porém, como tal fenômeno não é imediato, ele pode ser implantado durante algum tempo sem que suas consequências sejam imediatamente sentidas. 

Para uma sociedade prosperar, a poupança e a acumulação de capital devem ser incentivadas; jamais devem ser punidas.  Sociedades que permitem que as cigarras imponham sua filosofia às formigas jamais poderão ser ricas. 

Entendeu?