quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Temos emprego mas não temos salários


O Brasil vive hoje um fenômeno diferente. Estamos com uma das menores taxas de desemprego da história (6% a.a.), se não a menor, e a nossa economia está em ritmo de queda. Ora, se estamos crescendo menos, como podemos manter uma taxa tão alta de pessoas empregadas?
Como  economista  apresento duas explicações. Uma delas é que as empresas estão evitando demitir nesse momento de ritmo mais lento, porque estão confiantes na retomada do crescimento no segundo semestre deste ano de 2013.
A segunda, mais negativa para o país, é que há mais pessoas trabalhando, porém, produzindo menos e ganhando menos. Ou seja, temos emprego mas também temos "baixos salários", que reflete no consumo. Dizer que as classes C e D estão alavancando a economia é uma falácia.
“Explico melhor. de fato uma economia que está empregando mais gente é uma coisa boa. Melhor ainda seria se estivesse todo mundo empregado, bem preparado e produzindo mais,  com bom salário e a renda subindo. Estudando este tema eu resolvi inverter a pergunta: se estamos com tantos empregos, porque o PIB não melhora?”
A resposta não é agradável: a mão de obra brasileira está com baixa qualificação.
A primeira explicação, que conta com a confiança dos empresários,  é muito melhor para nós.  A segunda,  que sinaliza a baixa produtividade, significa também que  estamos com uma baixa poupança de trabalhadores no país.
“Infelizmente esse problema não se resolve no curto prazo. Precisamos melhorar a educação, melhorar a escola, tanto no ensino médio  como na universidade. Acho que tem havido melhorias, mas claramente, na corrida contra outros países emergentes, nós estamos perdendo no quesito educação”.
Apesar dos números positivos no emprego, as horas trabalhadas estão em queda. Isso pode ser explicado pela decisão das empresas de produzir menos e não demitir para não arcar com o elevado custo trabalhista desse processo no Brasil.
“De fato, a produtividade não caiu recentemente. São os  padrões de emprego e desemprego que mudaram. Se a produtividade estiver caindo mesmo, saberemos isso ao longo da próxima recuperação da economia.  E quando a recuperação vier, teremos que ver até onde ela pode ir sem pressionar a inflação”.
Os brasileiros desfrutam hoje dos benefícios do emprego mais duradouro, da renda familiar mais farta e das oportunidades de consumo mas acessíveis. É o bem-estar social que gera sensação de segurança e confiança de que tudo vai ficar bem, mesmo que o trabalhador não esteja qualificado o suficiente para se desenvolver e alcançar postos mais desafiantes.
“Emprego é importante, mas mais importante ainda é que  as pessoas produzam bem, ganhem bem. Se a sensação de bem-estar acomodar as pessoas, quando a gente for se aposentar nossos filhos vão herdar um país em que os salários serão menores. Nós teremos construído um  país pior  no futuro. E ainda temos a ameaça de que venha alguém mais competitivo, e perdemos os empregos porque não nos esforçamos. Aquele pessoal que se dedicou mais, investiu mais em tecnologia, vai nos passar.  Não vejo chinês parado, indianos, americanos, russos parados”. Nem tão pouco preocupados com, carnaval, funk,axé,futebol ou novelas da Globo.