quinta-feira, 26 de setembro de 2013

OPORTUNIDADES EMBALADAS EM PAPELÃO




Meus caros leitores, trabalho no centro de São Paulo, capital, há anos, e a tantos anos vejo cenas degradante de seres humanos em uma decadência sem par.
Outro dia da janela do meu carro, parei e observei os seres "walkingdead" sentados nas calçadas e outros a vagar pelo Orbe. 

Refleti e filosofei comigo mesmo:
Atrás de um homem, criança ou mulher que vive nas ruas, há uma história começada numa casa de verdade.

Debaixo do papelão, transformado em cama para quem mora na calçada, há uma dignidade transformada em lama.
Aquele que carrega seu cobertor, de um lado para o outro como um tesouro, porta sonhos, mesmo que apagados pelo álcool, pela fome ou pela droga.

Entre aqueles rostos dos quais desviamos os nossos, está o daquele que, desde os sete anos ( e pode estar com 20 agora), usou crack, como seu pai e mãe fazia; está o daquela que fugiu de casa cansada de ser abusada pelo pai sob os olhares cúmplices da mãe; está o daquele que os pais, os quais nunca mais viu, expulsaram de casa porque fumou um cigarro de maconha; está o travesti (pronto! já o classificamos! irrecuperável! ou "deixe ele ser feliz como ele é!, mas que vá embora de casa!") que se prostitui para comer ou se drogar.

Nas ruas, uns cometem crimes, por necessidade ou por maldade; outros não cometem crime, mesmo necessitados e até tentados. No entanto, nós os tratamos como iguais entre si e diferentes de nós.
Nas ruas, uns não querem mais sair dali e ter horários, banhos, chefes e responsabilidades; outros querem voltar a ser dignos e olhar para as pessoas sem precisar desviar os olhos. No entanto, nós os tratamos todos como iguais entre si e diferentes de nós, que nos vemos pertencentes a outra espécie.

Então, conhecemos histórias, seja a do menino abandonado pelos pais aos cinco anos quando estava tuberculoso mas que encontrou alguém (Anjo) que o abraçou e o levou para um abrigo decente onde, tratado, come, dorme, estuda e imagina um futuro.

Então, conhecemos histórias, como a do rapaz que, prostituindo-se nas ruas, viu uma menina vestida com uma camiseta ("D´us é 10") e desejou seu transformado e hoje, limpo das drogas e dos crimes, foi abraçado de novo pela mãe depois de muitos anos. Seu sonho agora é formar uma família e ajudar outros a saltar para uma vida boa. Dar nota 10 á vida!

Então, conhecemos histórias, como a do homem, que sonhou e  tendo ido para São Paulo trabalhar, acabou na rua e nas drogas pesadas, até ter uma chance, que estendeu à sua família que o emprego lhe permitiu trazer.

Pergunto a vocês: Quantas oportunidades embaladas em papelão????
Quantas vidas desperdiçadas???? perdidas?????

Então, após esta reflexão, devemos achar que as pessoas das ruas são "pessoas" que precisam de oportunidades embaladas com atenção e afeto. E que um homem para cair, basta estar de pé!