quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Venerável Mestre - M.'. I.'.


O título de Venerável Mestre, dado ao presidente de uma Loja Maçônica, tem a sua origem mais remota nos meados do Século XVII, quando já começa de forma lenta mais progressiva a transformação da Franco-Maçonaria de Ofício, ou, Maçonaria Operativa, em Franco-Maçonaria dos Aceitos, ou, Maçonaria Especulativa.
Nessa fase, as organizações de ofício começaram a entrar em decadência. Para tentar sobreviver, resolveram aceitar em suas Lojas homens não ligados à arte de construir e que, por isso, foram chamados de Maçons Aceitos. O processo de aceitação desenvolveu-se durante todo o século XVII, a ponto de, no final dele, o número de aceitos sobrepujar o de operativos, o que propiciaria, em 1717, a criação da primeira Obediência Maçônica da História, a Premier Grand Lodge, em Londres. Vale ressaltar que naquela época não existia o Grau de Mestre Maçom, que só seria introduzido a partir de 1724 e efetivado 14 anos depois. O presidente da Loja era escolhido entre os mais antigos e mais experientes Companheiros – que, na verdade, eram os Mestres de Obras – ou era o proprietário mesmo que como dono da obra, era vitalício na direção dos trabalhos dos obreiros.
O R:.E:.A:.A:. atribuía ao Mestre que fosse iniciado no Grau 20 o título de Mestre Ad Vitam, de forma vitalícia o que lhe dava o direito de exercer o cargo de Venerável Mestre na Loja Simbólica, cuja designação era atribuída pelo Supremo Conselho do Grau. José Castellani explica que o título ‘Venerável’ tem origem na palavra inglesa ‘Worship’ (como substantivo significa culto, adoração, reverência – forma de tratamento – como verbo adorar, venerar, idolatrar – tomar parte em culto religioso – Dicionário Webster’s). “Your Worship” é a expressão para designar Vossa Excelência ou Vossa Senhoria. A expressão “Worshipfull Master” passou a ser traduzida como “Venerável Mestre” e que seria adotada por todos os círculos maçônicos, embora o termo Venerável, de início, fosse aplicado apenas às organizações de artesãos.
Na tradição inglesa, o Mestre da Loja quando está para terminar seu mandato instala seu sucessor na cadeira. Por isso, o ex-Venerável, que já foi instalado na cadeira de Mestre, passa a ser chamado de “Mestre Passado” (Past Master, em inglês). Até então esse termo de Mestre Passado só era usado pelo Mestre Instalado do Rito York (americano) e Emulation (inglês). Foi quando, em 1967, o Ir.’. Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Moacyr Arbex Dinamarco, solicitou ao Ir.’. Nicola Aslan um Ritual da Cerimônia de Instalação de Mestre, o que indica que até aquele momento não se tinha um Ritual para Instalação de Mestre para todos os seis Ritos praticados sob a tutela do Grande Oriente do Brasil.
A partir de 1928, as Grandes Lojas Maçônicas Brasileiras passaram a instalar Mestres também no Rito Escocês Antigo e Aceito. Já na década de 70, o Grande Oriente do Brasil também adotou essa prática para o Rito Escocês. Os primeiros Rituais de Instalação de Mestre entraram no Brasil a partir de 1920, numa tradução dos Rituais Ingleses, e estes serviram para as primeiras Instalações no Rito Escocês. O V:.M:. é o responsável como Presidente da Loja Simbólica pela condução dos trabalhos e como Mestre maior pela concessão de Graus, incluindo, a iniciação dos profanos. É uma das Luzes da Loja, junto com os IIr:.Primeiro e Segundo Vigilantes. Um Presidente que não tenha recebido a sagração ou investidura como Venerável Mestre poderá somente dirigir os trabalhos administrativos da Loja; a investidura de profanos ou mesmo a dos graus de Companheiro e Mestre é prerrogativa de um Venerável Mestre que tenha sido investido com estes poderes por pelo menos três Veneráveis Mestres. No próprio Ritual do Aprendiz Maçom fala-se que na ausência do V:.M:.o Ir:. que estiver presidindo os trabalhos se sentará no Trono, mesmo não sendo Instalado, só devendo solicitar a um Mestre Instalado que proceda a Consagração em Cerimônias de Iniciação, Elevação e Exaltação.
O Venerável Mestre representa o Rei Salomão, ou seja, ocupa o Trono de Salomão (ou da Sabedoria) e sua jóia (dependendo da Potência) é formada por um esquadro e um compasso entrelaçados num arco de círculo, no centro o Sol e o Olho Onividente (da Providência ou do Olho que tudo vê). O Ir:. Investido nesse cargo representa aquele considerado o mais justo e o mais sábio, como fica destacado na Abertura dos Trabalhos quando o V:.M:. pergunta ao Ir:. 1º Vigilante para que o Venerável se senta no Oriente e ele responde,fazendo uma analogia entre este e a trajetória do Sol, entre a luminosidade do Sol nascente com a função do Venerável na Loja. Adotando-se a cerimônia inglesa de Instalação, é só depois de passar por essa etapa é que o V.’.M.’. eleito pode se considerar empossado – instalação, nesse caso, é sinônimo de posse – e empossar os membros de sua administração, entrando na plenitude de seus direitos exclusivos, entre os quais se inclui o de Sagrar (consagrar, tem o sentido de conferir dignidade do grau e não o de santificar, ou, tornar sagrado como muitos pensam. É o mesmo com a sagração de templo: a cerimônia confere, ao local, a dignidade de templo maçônico). Ou seja, o direito de sagrar os candidatos à Iniciação, à Elevação, ou, à Exaltação. A norma para tal é tão rígida que, em uma sessão à qual não esteja presente o Venerável Mestre, sendo ela, portanto, dirigida pelo Ir:. Primeiro Vigilante, que não seja um Mestre Instalado, ele deverá, no momento de sagrar o candidato, solicitar a um M.’. Instalado presente, que o faça, sem o que a cerimônia não poderá ter validade. Durante o período do seu mandato, os poderes delegados ao membro da Loja eleito V.’.M.’. são, assim, consideráveis e devem ser exercidos com a Sabedoria e a Prudência que a tradição atribui a Salomão.
Por isso, costumam dizer os maçons que o Venerável Mestre da Loja toma assento na Cadeira de Salomão. Com a eleição de um membro para Venerável Mestre, a Loja delega-lhe o poder de direção da mesma, quer em temos administrativos, quer em termos de direção de reuniões, quer em termos de execução das deliberações tomadas. Como o Venerável Mestre é um Mestre Instalado, cabe destacar que o Mestre Instalado é o mais importante de todos os Maçons e de todos os Graus. Na sessão de Instalação de um Mestre só entra Mestre Instalado. Nenhum Maçom que não seja Mestre Instalado (M.'.I.'.) poderá assistir, participar de uma sessão de Instalação de Mestre. Isso leva a conclusão, segundo alguns autores, que não existe nada além do Mestre Instalado na Loja Simbólica, nem Grau, nem Cargo, nem Título. Outros graus são "filosóficos".


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Ritual do Aprendiz Maçom (REAA);
- A Liderança do Venerável (Anatoli Oliynik)
- Manual do Mestre Instalado – partes publicadas (José Castellani);
- Ritos Maçônicos (Kurt Max Hauser);
- Artigo de Newton Dan Faoro – Ven:. Mestre da ARLS Hugo Simas nº 92 – da Grande Loja do Paraná (Oriente de Curitiba);
- Simbolismo do Pirmeiro Grau (Rizzardo da Camino); e
- Templo de Salomão (Raimundo Rodrigues).