segunda-feira, 2 de junho de 2014

Está na hora de mudar!


Por mais que a gente acredite que a administração hoje vai além dos modos de produção e das técnicas definidas pela Revolução Industrial, ainda estamos presos a padrões que não nos deixam avançar rumo a uma gestão mais livre, ousada e democrática. Temos a obrigação de preservar o legado de pensadores e grandes gestores, mas nosso dever maior deve ser a busca constante da inovação.
A anos à frente de uma consultoria de transformação, a principal queixa dos executivos recai sobre as relações humanas, a falta de resiliência, o olhar obsessivo pela rentabilidade e a pouca habilidade de gente lidar com gente. Acredito que a internet veio suprir uma necessidade de tentar estabelecer relações mais significativas, personalizadas e únicas, em oposição à apologia da TV e da comunicação de massa que fincou suas bandeiras e raízes na segunda metade do século passado. E a busca pelas relações humanas mais verdadeiras e o anseio por organizações mais horizontais, mais flexíveis e criativas decorre desse grande movimento antropológico que, para mim, marca uma nova era na história da humanidade. Por mais que a tecnologia nos surpreenda, estamos vivendo uma época humanista, muito bem representada pelos selfies dos celulares, e repleta de questionamentos sobre a finalidade das coisas. Conhecemos pelo menos um par de executivos que deixaram carreiras promissoras em busca de uma vida mais simples – sinal de que a rotina corporativa anda complicada e burocrática demais.
A proliferação de robôs, próteses, inteligências artificiais, drones e até a imitação dos sentidos nos leva a encarar novos tempos. E quando comparamos esta realidade com o que acontece em nossos escritórios, percebemos que estamos insistindo em preservar padrões que precisam ser rompidos.
Se a internet criou uma nova forma de funcionamento do planeta Terra, essa nova ordem mundial pressupõe uma desordem do nosso olhar de gestores sobre estruturas e conceitos até então ditos imutáveis. Não estou falando de modismos, mas de identificar os diferentes códigos culturais existentes em cada organização e aproximar-se deles com respeito religioso, sempre mapeando desafios e oportunidades. O preço da liberdade é a coragem e esta máxima nos coloca numa situação inusitada de ter que lidar com a ausência de hierarquias, de vícios e obrigações legadas, porque com estas estamos habituados a conviver. Sabemos muito bem tudo aquilo que é e que deve ser, mas temos uma infinita habilidade para ignorar tudo aquilo que poderia ser.
Nesse momento apagamos, com o sopro do medo do risco, a centelha de criatividade que começava a ganhar corpo. Entendo que é difícil lidar com o pensamento que tudo aquilo que é pode não ser, porque isso foge da nossa lógica e causa uma grande inquietude diante da possibilidade de ter que modificar toda uma estrutura “que sempre foi assim”.
A mudança não é justificada por si só, mas pela felicidade e realização pessoal (e não apenas) profissional) das pessoas que formam uma organização, de maneira sistêmica, viva e orgânica. Felicidade leva a um aumento natural de produtividade, de inovação e de criatividade. A felicidade, que deveria ser um índice importante nas avaliações de ambiência e pesquisas de clima, torna as pessoas naturalmente instigantes e catalisadoras de um processo de transformação coletivo. Pessoas felizes tendem a saber a finalidade pela qual estão realizando determinada tarefa ou função, e isso as faz ocupar seu lugar, tendo seus papeis e responsabilidades bem definidos. E melhor: ser feliz tende a impedir que você queira deixar o seu papel e assumir o papel do outro. Tudo isso pode parecer utópico, mas é radicalmente possível e tem trazido resultados impressionantes em grandes organizações, como a quebra de silos, simplificação de processos, integração de operações e efeitos em toda a cadeia produtiva, vendas e relacionamento.
Devemos agradecer à internet por nos ter obrigado a olhar para nós mesmos, a despeito de toda tecnologia, e possibilitar que a Era da Informação pudesse florescer de maneira tão fascinante. Chegou a hora de você fazer novas escolhas e traçar novos caminhos. Chegou a hora do desapego e da transformação, a partir de um profundo conhecimento do que se é e para onde se quer ir. E você sabe onde quer estar nos próximos cinco anos?