segunda-feira, 2 de junho de 2014

Falta mão de obra, para o desenvolvimento do Brasil


O vigoroso crescimento que o mercado de trabalho brasileiro tem sustentado nos últimos anos não é suficiente para esconder os entraves que dificultam o preenchimento de vagas. A avaliação vem de especialistas, que são unânimes em projetar que a escassez de profissionais qualificados impedirá que o Brasil tire o máximo proveito do atual ciclo de crescimento econômico.

O País se atrasou em formar profissionais para atender à demanda vinda de áreas como infraestrutura, serviços e tecnologia da informação. Segundo ele, tal demora gerou dois tipos de defasagem que comprometem a evolução sustentável do mercado trabalho. A primeira seria o descompasso entre o tempo gasto na formação dos trabalhadores e as atuais necessidades de determinados setores. Já a segunda seria o hiato entre a capacidade dos indivíduos recém-formados e o nível de experiência exigido para o preenchimento das vagas existentes. "Um engenheiro que acaba de sair da faculdade, por exemplo, não está apto o suficiente gerenciar de forma eficiente grandes equipes nos canteiros de obras que estão espalhados pelo Brasil",

A conjuntura acaba forçando o retorno de trabalhadores aposentados ao mercado de trabalho e estimula empresas a importar trabalhadores, na tentativa de suprir a carência de mão de obra. "Trabalhadores da Bolívia, da Colômbia e até do Paraguai estão vindo para o Brasil para suprir a demanda que não está sendo atendida, principalmente no setor de construção civil", afirma. Segundo ele, a imigração profissional, é semelhante ao processo que ocorreu na Irlanda há alguns, quando o país recebeu uma grande leva de imigrantes do Leste europeu, que ajudaram a sustentar o boom econômico local.

O País não tem mais prazo hábil para corrigir as falhas estruturais a tempo para aproveitar todo o potencial de crescimento embutido no ciclo virtuoso. "Quando os profissionais em formação estiverem prontos, a economia doméstica já terá entrado em período de recessão, o que deverá ocorrer por volta de 2017", projeta, esclarecendo que a alternância de ciclos é parte da dinâmica econômica. O professor ressalva que há maneiras de minimizar os problemas existentes, como a criação de cursos técnicos de curta duração voltados para os segmentos onde a escassez de profissionais é mais crônica.

Os problemas relacionados ao gargalo de capital humano qualificado não deverão ser resolvidos nem no longo prazo. A análise é feita com base no argumento de que a grade de formação do Brasil não está em sintonia com a evolução sócio-econômica do mundo, sendo, ao contrário, voltada para suprir a demanda imediata e a que será gerada no curto prazo. "O que nos precisávamos era de desenvolver um complexo tecnológico nas linhas do Vale do Silício nos Estados Unidos, pois estudos indicam que a em vinte ou trinta a oferta de empregos estará concentrada na área de tecnologia da informação",
Enquanto a solução não vem, a indústria será um dos setores que mais sofrerá com a carência de mão de obra este ano

Com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego,  o movimento de retomada do setor produtivo já começou. Conforme informações do Caged, o saldo líquido da geração de vagas formais na indústria de transformação apenas foi negativo em 13,3 mil postos em outubro, mas se tornou positivo em 4,7 mil, em novembro; e fechou dezembro de 2013  em mais 30,6 mil.

Para aumentar as chances de fisgar e manter os trabalhadores profissionais, as empresas estão tendo que elaborar contratos cada vez mais atraentes. As iscas oferecidas pelas companhias vão desde altos salários, até cursos de especialização, planos previdenciários e participação nos lucros. "Aliar as ferramentas de retenção à política de qualificação é fundamental preservar capital humano especializado dentro de casa", aponta.

Além de impor entraves ao desenvolvimento da economia, a falta de capital humano qualificado pode resultar na inflação dos salários em setores onde a carência de trabalhadores é maior. Economistas temem que o movimento pressione ainda mais os preços, na medida em que empresários repassem o crescimento do custo produtivo para o consumidor.


A inflação dos salários já é uma realidade na construção civil. Em base anual, a remuneração em termos reais no setor cresceu devido a demanda das construtoras.
Hoje não se encontra pedreiros, motoristas de caminhão, etc. imaginem engenheiros de computação e eletrônicos.