domingo, 1 de janeiro de 2012

O PAINEL DO APRENDIZ-MAÇOM

O PAINEL DO APRENDIZ-MAÇOM

 Simbolismo e Interpretação

Da mesma maneira que os filósofos egípcios, que para substituírem os Segredos e Mistérios das vistas profanas, ministravam seus ensinamentos através de Símbolos, a Maçonaria, dando continuidade à tradição, também encerra sua filosofia e conhecimento nos símbolos, pelos quais oculta suas Verdades aos não iniciados.
Tendo no 1° Grau o embasamento da Filosofia Simbólica, que resume a Moral Maçônica do aperfeiçoamento humano, compete aos A∴ M∴ a importante tarefa de Desbastar a P∴ B∴, isto é, desvencilhar-se dos próprios defeitos e paixões, que se constitui na Principal e Verdadeira Obra da Sublime Instituição. Quando, praticamente concluído o trabalho de aperfeiçoamento moral, simbolizado pelo desbaste da P∴ B∴, e terem conseguido, através do esforço, transformá-la em P∴ P∴  ou P∴ C∴, apta à construção do próprio Edifício Interior, será possível descansar os instrumentos de corte para empunharem outros instrumentos, condição necessária para a ascensão na escala da hierarquia da Maçonaria, e, principalmente, participar da construção do Edifício Exterior que é a Sociedade.
Um dos mais antigos símbolos da maçonaria é o painel de loja ou quadro (não devemos confundir o painel com a carta constitutiva da loja ou ainda com a prancheta). O painel de loja é a representação de toda uma doutrina que simboliza a vida e a necessidade de evolução do ser humano, o verdadeiro desbastar da P∴ B∴.
No Painel da Loja (do Grau de A∴M∴) se condensam todos os símbolos que devem ser conhecidos para o efetivo trabalho de um Maçom. O conhecimento profundo de cada um dos símbolos, facilitará o processo de interpretação e assimilação das instruções subseqüentes.
O Painel da Loja encerra quase todos os símbolos de um Templo Maçônico ali representado.
Antes de iniciarmos a descrição do painel propriamente dito, necessário é que caracterizemos a instituição maçônica, como um repositório de conhecimentos esotéricos e, por conseguinte ocultos, sobretudo onde se cria o ambiente favorável à evolução G∴A∴D∴U∴, pois existe uma série de traços e de reflexos que tornam possível senão distingui-lo, pelo menos sentirmos sua misteriosa aproximação.
Devemos considerar que os símbolos incorporados à tradição da Maçonaria Simbólica foram introduzidos pelos nossos IIr∴ com um particular propósito de expressar um pensamento ou um propósito. Este pensamento pode ser muito valioso em nossa geração, porém devemos ter em mente que nenhuma época em especial tem o monopólio do conceito original e profundo, nem os antigos, nem os modernos maçons. O objetivo imediato é o de estudar os nossos símbolos e sobre eles especular e agregar novos significados, cada vez mais profundos.
Em seu livro “An Interpretation of Our Masonic Symbols”, J.S.M. Ward escreve que ao apreciarmos a natureza podemos perceber que tudo o que nos cerca é algo que Deus está a nos ensinar por intermédio de símbolos e alegorias. O Sol que se eleva no firmamento e em seu nascente poente está uma alegoria de nossa existência mortal, a vida e a morte e, mais ainda, a ressurreição. A semente plantada nos ensina o renascimento e o mais humilde dos animais tem muita coisa a nos ensinar.
Todas as Leis da Natureza são Suas Leis, e quanto mais às estudamos mais compreendemos não se tratar de um mero acaso, mas a prova de um profundo e abrangente Intelecto, ao lado do qual o mais sábio dos homens não passa de uma centelha desse conhecimento.
Noutra obra “Leaves From Georgia Masonary” publicada sob auspícios da Grande Loja da Geórgia nos EUA, se refere à questão do simbolismo, afirmando que é a chave de todos os mistérios, de todas as religiões modernas ou antigas, e de todo o conhecimento esotérico. Palavras são inadequadas para transmitir as verdades espirituais, pois todas as palavras têm origem material e, conseqüentemente, um significado material.
A Maçonaria não emprega palavras para transmitir as mais profundas verdades espirituais, ela utiliza símbolos.
Estude os símbolos da Maçonaria e escave fundo no entulho do Temp∴ para encontrar as grandes verdades ali enterradas; os resultados recompensarão o esforço. Porém, o estudo dos símbolos, sem a aplicação prática em sua vida, não passará de um mero exercício intelectual: e se você tentar , simplesmente entendê-los sem vivenciá-los, o resultado era mais problemas do que proveitos.
Tão logo  tenha aprendido o significado de um símbolo, você deve torná-lo parte de sua vida. Faça  com que seja o guia de seu coração, sorva-o como a água mais pura das fontes, alimente a sua alma com ele e, assim, você haverá de crescer em conhecimento de ainda maior profundidade, enquanto sua alma se elevará, ainda mais, chegando mais próxima das estrelas e da sabedoria divina que eles encerram.
A sabedoria é um crescimento da alma, e a recompensa do trabalho e do esforço, que não pode ser adquirido se não pelo seu igual valor em sacrifício. Cada vez que você progride, ao olhar par trás, perceberá ter passado pelo altar os sacrifícios, algo que representou o trabalho de suas mãos e de seu coração. Simbolizando que, por meio do trabalho, retribuirá aos seus Irmãos e a Humanidade os benefícios que recebeu gratuitamente.
O desígnio da Maçonaria é, em suma, o de tornar o homem mais sábio e melhor, e conseqüentemente, mais feliz. A sabedoria é inútil a menos que se ponha em prática. Se você não estiver disposto a vivenciar a Maçonaria, não procure conhecer os seus grandes mistérios. Esse conhecimento traz em si a responsabilidade do uso e da obediência: é impossível esquivar-se dessa responsabilidade.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Quando da formação da Maçonaria Especulativa, os Maçons se reuniam em átrios de Igrejas e em Tabernas, não possuindo templos como os conhecemos hoje. Para poderem trabalhar, representavam o Templo com um Painel ou Tapete que era estendido no chão e a Loja era composta.
No Painel, concentravam todos os símbolos necessários para o trabalho maçônico, com a facilidade de poderem constituir uma Loja em qualquer lugar, desde que preservados do olhar profano.
Por outro lado, precisamos considerar que a Maçonaria foi perseguida em praticamente toda sua história especulativa, tanto por Reis quanto (e principalmente) pela Igreja Católica. Muitos IIrms∴ Morreram na fogueira da Inquisição e, posteriormente, nas mãos de monarquistas e absolutistas do Velho e Novo Mundo. Por isso era mister de manter a identidade oculta, trabalhar em Lojas sem acesso profano e não ter endereço fixo.
Daí a importância do Painel. Era o que poderíamos chamar (com as devidas reservas e vênias) uma “Loja Virtual”.
Posteriormente, e, principalmente, após a Revolução Francesa, e a onda Republicana, que varreu todos os recantos da Terra, somados à queda do prestígio e preponderância da Igreja sobre o Estado, os Templos passaram a ser construídos e o Painel passou a ser um acessório de grande simbologia pelo que ele representou na época das perseguições, bem como pelo que representa hoje na Filosofia Maçônica.
Como já dissemos, o Painel da Loja concentra todos os símbolos relativos ao Grau de A∴M∴ que devemos conhecer para a Arte Real.
Por outro lado, também afirmamos que neste Painel se condensam quase todos os símbolos e alegorias presentes e dispersos num Templo Maçônico.
Vamos entender um pouco cada um desses símbolos:

1. O TEMPLO - O quadrilátero que compõe o Painel representa o Templo Maçônico. O Templo Maçônico, por sua vez, é inspirado no Templo de Salomão (que por sua vez foi inspirado no Tabernáculo), no formato (quadrilongo), na sua estrutura (átrio, santo e santo dos santos), e na sua orientação (Leste a Oeste). A forma arquitetônica é:
a) Comprimento: Do Oriente ao Ocidente (Leste a Oeste);
b) Largura: De Norte a Sul;
c) Profundidade: Superfície ao Centro da Terra;
d) Altura: Da Terra ao Zênite (Céu)

2. AS COLUNAS -  As Lojas são sustentadas por três colunas: Sabedoria, Força e Beleza. Observamos  em primeiro plano as três colunas mestras dispostas de maneira a formar um triângulo, símbolo máximo da perfeição e do equilíbrio, representando, por conseguinte os três mundos inteligíveis, que correspondem pela analogia: O mundo físico ou natural representado pela coluna da força; o mundo espiritual ou metafísico, simbolizado pela coluna da beleza e o mundo divino ou religioso, expresso pela coluna da sabedoria, qualificando a onipotência e onisciência e a onipresença do Grande Arquiteto do Universo, que constitui a tela de fundo de toda a meditação porque tudo está ligado e unido num mesmo todo.
a) A Sabedoria orientado o “caminho da vida”
b) A Força para “animar e sustentar” nas dificuldades, e
c) A Beleza para “adornar” as ações, o caráter e o espírito.
Também as três colunas representam: SALOMÃO, pela sabedoria em construir, completar e dedicar o Templo de Jerusalém a serviço de Deus; HIRAM, Rei de Tiro, pela Força que deu aos trabalhos do Templo, fornecendo homens e materiais, e; HIRAM-ABIFF, pelo primoroso trabalho de coordenação e direção das obras.

3. A ABÓBADA CELESTE – representada no Teto das Lojas e no Painel, com suas variadas nuances de cores, sendo que o caminho para o Céu Infinito é representado pela Escada existente no Painel, conhecida como Escada de Jacó. Também representa a Luz e as Trevas, ou o caminho do conhecimento humano e da sabedoria, da escuridão à luz. O céu é a imagem do infinito, as estrelas representam a idéia Divina que nos descobrem o mundo da realidade e da verdade, porque a perfeição é infinita, representada pelo sol que nasce no Oriente, fonte natural de luz e da sabedoria e do princípio criador;

4. A ESCADA DE JACÓ – A escada com seus múltiplos degraus, cada um representativo das virtudes e evolução exigida a um Maçom nos seu caminho a perfeição. Suportada pelo livro da lei fica a escada de Jacó, cujo cimo toca os céus, descrita com propriedade no livro de Gênesis - Capítulo 28, versículo 1O a 13, onde Jacó viu anjos que desciam e subiam por ela e Jeová disse-lhe: "Eu sou Jeová, Deus de teu Pai Abraão e de lsaac"."A terra em que estás deitado, a darei a ti e à tua posteridade; a tua posteridade será como o pó da terra e se dilatará para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Por ti e por tua descendência serão benditas todas as famílias da terra"."Eis que estou contigo e te guardarei por onde quer que vá e te reconduzirei para esta terra; porque não te abandonarei até ter Eu cumprido aquilo de que te hei falado".
A interpretação da escada de Jacó é que este é o único caminho para atingirmos o êxtase total, a plenitude, entretanto, deveu mais uma vez superar os obstáculos que encontramos em nossa ascensão, pela fé renovadora, simbolizada e identificada pela Cruz.
A âncora aqui não representa tão somente a esperança, todavia sua colocação nos degraus da escada de Jacó significa o elemento que deve ser ultrapassado, pois a âncora tem a finalidade precípua de nos fixar à matéria. Também representa a Esperança no Aperfeiçoamento Moral.
O cálice representa a provação, o juízo final, transposto este obstáculo, atingimos a luz maior, a estrela de sete pontas ou dos magos conforme o arcano XVIII do livro de Thot.

ORNAMENTOS:

5. PAVIMENTO MOSAICO -  As colunas projetadas dentro do painel mostram-nos ainda seu apoio no pavimento de mosaico, que é a personificação da dualidade ou pares opostos, como dia e noite, a dor e o prazer, a honra e a calúnia, o êxito e a desilusão, pois é na dualidade que repousam todos os caminhos de nossa existência, porquanto são os dias dos homens que fazem o julgamento de sua própria conduta. Mas apesar dos antagonismos, representados pelas pedras brancas e pretas, em tudo reside uma Harmonia (pelos quadrados perfeitos).

6. A ORLA DENTEADA -  Mostra-nos o princípio de atração universal, simboliza o amor entre os IIr∴.

7. A ESTRELA FLAMÍGERA -  A estrela de sete pontas é o grande pináculo da luz eterna, síntese da unidade a que respondem as sete vozes da análise, o Apocalipse, onde os sete anjos, com as sete trombetas, suas sete espadas, etc., caracterizam o absoluto da luta do bem contra o mal, pela palavra, pela associação religiosa e pela força. Assim, os sete selos do livro oculto são abertos sucessivamente e a iniciação universal se realiza porque atingimos o grau máximo de perfeição e estamos aptos a achar a paz do coração, o desvanecimento do espírito, o ritmo da evolução e em comunhão perfeita e consciente com o ser Supremo.

PARAMENTOS

8. O L∴ da L∴ - O L da L é o símbolo máximo da elevação de nossos pensamentos, por meio do qual conhecemos a verdade, que é o propósito de toda experiência. Ainda representa o Código Moral que deve ser seguido e respeitado, a Filosofia que deve ser adotada e a Fé que governa e anima o ser;

9. O COMP∴ E O ESQ∴ - São a base do simbolismo maçônico e estão presentes em todos os graus simbólicos. Formam uma combinação que nos lembra o hexagrama, que é a chave mágica para todo ritual místico. Em loja estão postados sobre o L da L representando assim o princípio criador e a própria criação, manuseada pelo GADU, o esquadro simboliza a retidão e o sentido único que devemos tomar em nossas vidas, pois representa o equilíbrio resultando da união do ativo com o passivo, um equilíbrio de nossas ações sobre a matéria e sobre nós mesmos. Já o compasso é o símbolo da dualidade (dois braços) e da união (a cabeça do compasso), e também da medida certa e do “relativo”, pois além de traçarmos círculos relativos a sua abertura, podemos medir através dele, e com ele o GADU traçou o plano da criação com todo o seu conhecimento, por este ser infinito, a abertura do compasso é total, em nossos trabalhos o compasso se mantém aberto em 45º demonstrando a nossa limitação em relação ao g.:a.:d.:u.: e a limitação do domínio do espírito sobre a matéria. De forma mais objetiva o esquadro representa a matéria, e o compasso o espírito, e como em nosso grau a matéria domina o espírito, temos o esquadro posto acima do compasso no Altar dos Jur∴ sempre estarão entrecruzados, lembrando o Selo de Salomão (o hexagrama), evocando em nossas reuniões uma idéia do infinito.

JOIAS FIXAS
10. A PRANCHETA DA LOJA – Simbolicamente exprime que os Mestres guiam os A∴M∴ no trabalho indicado, traçando o caminho a ser seguido para seu próprio aperfeiçoamento, que possibilitará, conseqüentemente o progresso na Arte Real. Também serve para nos recordar que devemos nos empenhar na busca de conhecimentos elevados, para que no futuro saibamos através dela traçar nossos planos de trabalho quando chegarmos ao grau de m.: esta prancha contêm a base do alfabeto maçônico e este ensinamento virá a nós em outros momentos, pois ainda somos ap.: e não dominamos o conhecimento suficiente para nos expressarmos através da escrita;

11. A P∴ B∴ - É o objeto sobre o qual o A∴ M∴ deve trabalhar, representa a alma imperfeita que deve ser talhada com os instrumentos certos e assim chegar a P∴ C∴, ou seja, a obra prima de um o A∴ M∴.Lembremos nossa cer.: de Inic.: onde o então neófito é conduzido para aprender a trabalhar na p.: b.: e é ensinado pelo 1º vig.∴ É o símbolo base do grau de A∴ M∴;

12. A P∴ C∴ - é a obra prima do ap.: e representa o resultado de seus esforços após um trabalho bem feito sobre a p.: b.: estas pp.: cc.: que a oficina produz serve para construirmos nossa principal obra, o templo interior, ou o verdadeiro Templo de Salomão. Representa o saber do homem, enquanto aplicou a Piedade e a Virtude, ambas perfeitamente verificáveis pelo Esq∴ da Palavra Divina e pelo Comp∴ da Consciência esclarecida;

MÓVEIS

13. O Esq∴ – Símbolo maior da fraternidade representa a ação do homem sobre a matéria e principalmente a ação do homem sobre si mesmo. È o símbolo de retidão ao que o homem deve se sujeitar em suas ações e a Virtude que deve retificar os corações. Está presente na jóia do V∴M∴ significando que este deve agir no sentido do Bem;

14. O N∴ – É o símbolo da igualdade e base do Direito Natural. Não pode implicar no nivelamento dos valores, mas sim lembrando o dever de serem consideradas as coisas com a mesma e igualitária serenidade. É a jóia do 1° Vig∴ que é o responsável pela perfeita igualdade que deve reinar na Loja;

15. O PRUM∴ – que por tradição também é chamado de Perpendicular, ainda representa a Irrestrita e Total Liberdade do homem. Simboliza a Retidão que deve presidir a conduta de todos os integrantes dentro e fora da Loja, pois esta conduta permite a vida plena de Graça e Beleza. É a Jóia do 2°Vig.

OUTROS SIMBOLOS

16. O MAÇO (MALHO) E O CINZEL -  são os instrumentos certos que o AM.: deve desbastar a p.: b.: o malho é o elemento ativo e representa a força empregada em nossas ações, já o cinzel é o elemento passivo e é o meio pelo qual se busca a beleza e a perfeição em nossas obras. Ambos devem ser usados conjuntamente pois através da força na medida correta aplicada pelo malho sobre o cinzel iremos transformar a massa disforme em uma bela escultura com seus ângulos perfeitos e retos. Porém se a força for aplicada de forma demasiada, podemos destruir a peça a ser trabalhada, e se for insuficiente, nunca atingiremos o nosso objetivo. Portanto a maior lição que podemos receber destes símbolos é a medida correta que devemos empregar nossos esforços ou nossa força, em todos os sentidos, para atingirmos nossos objetivos com perfeição e beleza;

17. O PONTO DENTRO DO CÍRCULO - Os corpos celestes foram a base sobre a qual se inspiraram os sábios da Antiguidade para definir as primeiras formas geométricas. Assim, os símbolos mais antigos das tradições esotéricas são o Círculo, o Ponto e as demais figuras planas. Como conseqüência, todas as Cosmogonias se desenvolveram tendo como base o Círculo, o Ponto, o Triângulo, o Quadrado e, na seqüência, até ao número nove; tudo sintetizado no dez, formado pelo Círculo e pela primeira unidade, ou ponto, constituindo a Década Mística de Pitágoras.
Não seria possível conceituar uma divindade lógica, universal e absoluta, sem a existência do Ponto dentro do Círculo. Nos primórdios da Humanidade, o Ser Supremo, o Criador, não tinha nome nem símbolo algum que o representasse. O mesmo não acontecia em relação à
Sua primeira manifestação, a Criação, o Universo, cujo símbolo já então era o Círculo com o Ponto Central. Este também era o símbolo do Tempo Eterno e do Espaço sem Limites.
O Zohar, o Livro do Resplendor, ensina que o Ponto Original e Indivisível se dilatou e, por meio de um movimento constante, se expandiu e deu vida e forma ao Universo. A Divindade se expande de maneira ilimitada, e enche continuamente o Universo com suas obras.
Na India, os Vedas ensinam que Deus é um Círculo, cujo centro está em toda a parte e cuja circunferência não está em parte alguma.
Assim, o Círculo no qual o seu Ponto Central se expandiu e desdobrou, é o símbolo esotérico da diferenciação e da geração.
O Círculo com o Ponto no centro também se relaciona com a fórmula alquímica VITRIOL (Visita Interiora Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem).
Nesta acepção, retificar significa corrigir os erros inerentes à natureza do ser humano. A descida ao interior da Terra simboliza a morte do profano e o nascimento do Iniciado que, pela meditação e pela auto-análise, aspira ao aperfeiçoamento moral e espiritual.
Colocado no interior de Terra, isto é, recolhido ao íntimo de seu coração, o seu Sanctum Santorum, o Iniciado busca as cristalinas fontes do Amor e da Sabedoria que o levarão à posse da Pedra Polida, a almejada Pedra Filosofal.
Nos Mistérios de Ceres, em Eleusis, o recipiendário representava o grão do cereal semeado, enterrado no solo, que deve atingir o estado de putrefação para dar nascimento à planta encerrada em seu germe. Do mesmo modo, o profano é submetido à Prova da Terra, visando o desenvolvimento das suas energias potenciais na busca do Eu Superior, o Grande Arquiteto do Universo.
O Templo Maçônico, assim como tudo o que está em seu interior, representa a universalidade da nossa Instituição. Assim como o Templo, o Círculo com Ponto no Centro também vai da superfície ao centro da Terra. Por isso mesmo, ao passar pela Prova da Terra, o profano morre e o Iniciado renasce dentro do símbolo iniciático da geração, o Círculo com o Ponto, cujos limites, os da Virtude e do Amor ao Próximo, o maçom jamais deve transpor.
Sendo limitado ao Norte e ao Sul por duas retas paralelas e perpendiculares, que representam Moisés e Salomão, este símbolo indica que o maçom deve pautar suas ações segundo as virtudes que estes dois grandes iniciados representam.
O Círculo com o Ponto é também tangenciado no seu topo pelo Livro da Lei, indicando que a via ascencional para Deus só existe pela obediência aos princípios e aos ensinamentos nele contidos.
O progresso moral e espiritual só pode ser alcançado pela pratica do Amor ao Próximo e pela submissão da nossa vontade aos nossos deveres.
Assim procedendo, reuniremos as condições para subir os degraus de Escada de Jacó e alcançar a desejada união com o Eu Supremo, o Grande Arquiteto do Universo.
18. O SOL E A LUA: Estes símbolos lembram que a loja é uma viva representação do universo e como tal esta duas luzes deveriam estar sem dúvida alguma representadas em nosso simbolismo. O sol e a lua estão presentes em quase todas as doutrinas místicas, muitas vezes, representam o equilíbrio dos opostos, o sol tem a sua potencialidade benéfica e a lua muitas vezes representa o oposto, o sol é de uma vibração positiva e a lua negativa, o sol corresponde ao elemento fogo e a lua a água, entre inúmeras outras formas de interpretação destes poderosos símbolos. Porém em nosso ritual é clara e objetiva a manifestação do período que uma loja deve trabalhar, do m∴ d∴ à m∴ n∴, e assim o sol simboliza o zênite e a lua simboliza o nadir.