segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Análise da Produção e Emprego no Final de 2012

Produção:

Do ponto de vista da produção, apesar de não se tratar de um crescimento generalizado, os três principais núcleos industriais do País voltaram a apresentar desempenhos positivos em outubro, após o “tropeço” de setembro. De fato, embora em somente sete dos catorze locais pesquisados pelo IBGE a produção industrial tenha aumentado na passagem de setembro para outubro, destacam-se os avanços expressivos registrados em Minas Gerais (2,8%), Rio de Janeiro (3,0%) e São Paulo (1,6%) – taxas de variação de outubro com relação a setembro, com ajuste sazonal.

Essa é uma boa notícia, sobretudo após o “desolador” mês de setembro, quando a produção industrial recuou em doze locais na comparação com agosto. Os dados do IBGE também possibilitam identificar os tão esperados sinais de recuperação da indústria nacional de um ponto de vista regional. Ou ainda, após quatro meses de recuperação da produção industrial em nível nacional – iniciada em julho deste ano –, é possível traçar o perfil dessa evolução nas diferentes localidades do País e observar onde, realmente, essa recuperação vem ocorrendo e onde ela não se mostra presente. Veremos que a recuperação está longe de ser disseminada pelo País, mas abrange os principais centros industriais brasileiros, a saber, Minas, Rio e São Paulo, o que é um fator favorável.

  • Amazonas. A indústria amazonense está em “crise aberta”. Das dez variações da produção industrial registradas neste ano até outubro (variações “na margem”, isto é, mês contra mês imediatamente anterior com ajuste sazonal), nove foram negativas. Em outubro, a retração foi de 3,5% e, no acumulado do ano até outubro, a indústria do Amazonas amarga forte queda de 7,5%, com perfil generalizado: nove das onze atividades pesquisadas apontaram queda na produção. Os destaques negativos no ano são: outros equipamentos de transporte (–19,6%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–7,1%), máquinas e equipamentos (–13,7%), refino de petróleo e produção de álcool (–14,2%) e edição, impressão e reprodução de gravações (–7,9%).

  • Nordeste. A produção da indústria da região Nordeste vem oscilando muito ao longo do ano. A partir de julho, o desempenho da produção nordestina veio se mostrando bastante fraco e fechou outubro com queda muito forte (0,2%, 0,6%, 0,0% e –5,8%, de julho a outubro, nessa ordem – variações na margem). Portanto, a indústria do Nordeste não se mostra em uma clara recuperação. A despeito disso, sua taxa de crescimento no acumulado do ano até outubro é positiva (1,1%), o que não se configura, vale apontar, como um movimento generalizado, já que somente cinco dos onze setores pesquisados apresentaram expansão na produção. Principais impactos positivos no ano: produtos químicos (7,2%), minerais não metálicos (5,1%), calçados e artigos de couro (3,5%), celulose, papel e produtos de papel (2,2%) e alimentos e bebidas (0,4%).

  • Minas Gerais. A situação da produção industrial em Minas vem melhorando já a partir de junho. Com exceção de setembro, as taxas de variação (na margem) da produção da indústria mineira são positivas e, relativamente, expressivas no período junho-outubro: 1,4%, 0,1%, 3,4%, –0,3% e 2,8%, nessa ordem. O quadro da indústria é muito melhor no estado mineiro e parece apontar para uma recuperação mais consistente nos próximos meses; embora, vale assinalar, o resultado de outubro esteja mais influenciado pelo crescimento da indústria extrativa mineral (ferro) e menos pela indústria de transformação. No ano até outubro, o desempenho da produção industrial em Minas é positivo (1,0%), influenciado em grande medida pelo avanço na produção de outros produtos químicos (19,9%), veículos automotores (3,5%) e refino de petróleo e produção de álcool (5,8%).

  • Espírito Santo. Oscilando ao longo do ano, a produção industrial capixaba foi recuando a partir de julho (–0,5%, –1,8% e –4,5%, de julho a setembro, nessa ordem) e cresceu 12,3% em outubro, resultado fortemente explicado pelo desempenho da extrativa mineral (ferro). Assim como no Nordeste, não se visualiza um movimento de recuperação no Espírito Santo, mas sabe-se que sua indústria como um todo dependerá muito do desempenho da indústria extrativa e do setor de metalurgia neste final de ano. No acumulado dos dez primeiros meses de 2012, a produção da indústria capixaba recuou 5,8%, devido sobretudo à retração de 41,8% observada no setor de metalurgia básica e de 0,3% no setor extrativo.
  • Rio de Janeiro. A indústria fluminense está em recuperação. Após o “tropeço” de setembro (–2,5%), sua produção industrial cresceu, na margem, 3,0% em outubro. Um resultado bom, que, se mantido nos dois últimos meses do ano, poderia reverter/amenizar a queda da produção bastante acentuada registrada no acumulado do ano até outubro: –6,2%.
  • São Paulo. Assim como no Rio, a produção industrial paulista dá sinais de recuperação. O crescimento de 1,6% de outubro mais do que repõe a retração de 0,8% registrada em setembro e colaborou para diminuir a queda acumulada ao longo deste ano: que era de –5,3% até setembro e passou para –4,4% em outubro.
  • Paraná. Dando sinais de recuperação a partir de julho, a indústria paranaense também recuou em setembro (–3,1%), mas voltou a crescer em outubro (2,2%) e provavelmente reverterá o sinal negativo no acumulado do ano até outubro (–1,3%) – o que dependerá muito do desempenho dos setores de veículos automotores e de outros produtos de químicos (fertilizantes) nos dois meses finais de 2012.
     
  • Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A recuperação não chegou nos dois estados mais ao extremo sul do País. No período julho-outubro, as taxas de variação da produção industrial em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul foram, respectivamente, –0,1%, 0,3%, –2,2%, –0,3% e 0,0%, 4,2%, –0,6%, –5,4% (sempre na ordem julho a outubro). Nos dez primeiros meses do ano, a produção industrial em Santa Catarina e Rio Grande do Sul são negativas: –2,9% e –3,6%, respectivamente.

Emprego

Com relação ao emprego, o número de ocupados na indústria brasileira avançou 0,4% em outubro, após duas quedas consecutivas registradas em agosto e setembro (–0,1% e –0,3%, respectivamente – todas as taxas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal). É uma taxa de variação expressiva que acompanha, com alguma defasagem, a recuperação da produção industrial que ocorre desde julho. Se repetida em novembro e dezembro, este ritmo de evolução do emprego industrial suavizaria a queda esperada no acumulado deste ano e apontaria para uma nova trajetória de recuperação da ocupação na indústria ainda no final de 2012. Mas, dado que a taxa de variação do emprego vem oscilando muito nos últimos meses, não se pode afirmar que isso ocorrerá. De qualquer modo, o olhar se direciona, agora, para os resultados dos dois últimos meses deste ano.

O fato é que o ano de 2012 tem sido muito ruim para o emprego industrial. No acumulado dos dez primeiros meses frente a igual período de 2011, o número de ocupados na indústria recuou 1,4%. Em doze das catorze localidades pesquisadas pelo IBGE, o emprego apresentou retração nessa mesma comparação. No estado de São Paulo, o centro industrial do país, a ocupação amargou o pior resultado (–3,0%). Na região Nordeste (–2,5%), no Rio Grande do Sul (–1,5%), em Santa Catarina (–1,3%), no Ceará (–2,7%) e na Bahia (–2,6%), a retração do emprego industrial também é elevada.
Somente nos estados do Paraná (2,5%) e de Minas Gerais (1,0%) o mercado de trabalho voltado para a indústria apresentou resultados positivos nos dez primeiros meses deste ano. No caso da Paraná, quem mais contribuiu para a composição de sua taxa foi o setor de alimentos e bebidas (1,97%) e, em Minas, destacaram-se os setores de produtos de metal (0,5%), metalurgia básica (0,4%) e as indústrias extrativas (0,4%).
Não somente nas diferentes localidades do País, mas também nos diferentes segmentos da indústria, observa-se que a queda do emprego industrial é generalizada. Dos dezoito segmentos industriais pesquisados pelo IBGE, em catorze houve retração do número de ocupados nos dez primeiros meses deste ano. Em alguns segmentos, tais retrações são acentuadas e reveladoras do estado de “crise aberta” do emprego. As principais quedas no acumulado do ano foram registradas nos segmentos de vestuário (–8,8%), calçados e couro    (–6,3%), têxtil (–5,6%), produtos de metal (–3,7%), papel e gráfica (–3,8%), madeira (–8,2%), metalurgia básica (–3,7%), outros produtos da indústria de transformação (–2,6%) e borracha e plástico (–2,2%).