sábado, 15 de dezembro de 2012

O segredo para ser interessante



Nos encontros com as pessoas, principalmente quando não as conhecemos, ficamos preocupados com o que vamos dizer e como seremos julgados. Às vezes sentimo-nos até tentados a ensaiar nossas palavras e posturas. Nas festas e nas reuniões queremos parecer pessoas divertidas e falantes, já que desejamos cativar as pessoas. Acontece que para cativar é preciso mais do que isso, é preciso mostrar-se como uma pessoa interessante. E qual o segredo para ser interessante?

De modo geral as pessoas consideradas interessantes não são aquelas que falam muito de si mesmas, mas aquelas que se interessam em conhecer os outros, que buscam saber de sua vida, o que faz, o que pensa, o que gosta ou desgosta etc. Pessoas que falam excessivamente de si mesmas muitas vezes são consideradas maçantes, mas quem quer ser interessante deve falar um pouco de si e fazer perguntas estimulando a outra pessoa a falar de si mesma, desde que esteja com disposição para ouvir.

Nos contatos com os outros estamos lidando não só com a pessoa, mas também com suas emoções e sentimentos. Nada deixa uma pessoa mais lisonjeada e com vontade de conversar conosco do que perceber que temos interesse por suas ideias, pensamentos e sentimentos. Quando mantemos o foco em descobrir mais sobre os outros, temos muito mais chance de cativá-los e nos tornarmos inesquecíveis. Além disso, poupa a preocupação de ensaiar o que vamos dizer sobre nós.  

Esse é também o segredo para melhorarmos as nossas relações pessoais. Quando passamos a ter atenção com as pessoas que convivemos, ouvindo atentamente o que elas sentem, criamos um canal de comunicação que aumenta a confiança nas relações. Mas sempre é preciso atenção para não apenas a escutar em silêncio ou engatar outro assunto, mas aproveitar os momentos de pausa para perguntar como a pessoa se sente em relação aos fatos que estão nos contando, sem censurar as respostas. Isso rende um bom papo e nos aproxima mais das pessoas.

Um cuidado importante é não parecer invasivo e indiscreto, não fazendo de uma conversa um interrogatório. Uma conversa requer uma introdução cuidadosa com perguntas triviais para poder identificar o que desperta maior interesse na pessoa e poder explorar mais o assunto. As pessoas sentem-se felizes quando tem oportunidade de falar do que gostam e de ensinar algo. E mesmo quando se tem domínio do assunto é essencial deixar a pessoa falar para depois apresentar argumentos. Vale a prudência de não querer mostrar que sabe mais do que o outro; isso é humilhante.  

Nas conversas triviais o ideal é manter um assunto que a outra pessoa goste de falar e que queiramos ouvir, caso contrário não será interessante para ambos. Um bom exemplo é tentar encontrar coisas com as quais ambos tenham afinidade ou estejam envolvidos. E, para que a outra pessoa perceba que está sendo ouvida atenção, é preciso fazer contato visual e demonstrar através de sons e gestos de entendimento: "entendo como se sente", "muito interessante", "concordo com você"... E não se preocupe com o que vai dizer depois.

Antes de discordar, é prudente analisar a réplica. Uma boa técnica para discordar é acrescentar evitando dizer "mas", "porém", "entretanto". Trocar por "e" transmite a sensação de concordância e também permite colocar suas ideias. Fazer-se de advogado do diabo para defender uma opinião contrária pode até render uma boa e longa conversa, mas pode parecer rude se usado em excesso. Se a questão não for importante, não há porque discordar e assumir o risco de parecer rude. Mas também concordar plenamente pode finalizar a conversa. 

Uma conversa não depende apenas de um, mas do interesse de ambos. Quando uma pessoa não fala e não escuta, provavelmente esteja distraída ou enfrentando um dia ruim ou não tenha habilidades para conversar. É possível engatar outro assunto lembrando de algo que foi dito e usá-lo como gancho para iniciar outro assunto. Se isso não der resultado, paciência. 
O essencial é ter autocontrole e não entrar em pânico quando parece o fim da conversa. Nada é mais desagradável do que insistir quando o outro já não quer mais falar e mesmo as melhores conversas tem um fim. Feche o encontro com chave de ouro: agradeça pela conversa agradável antes de se despedir, pois terminar de modo positivo deixa boa impressão e pode abrir a possibilidade para um futuro reencontro.