quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Economia brasileira para 2014

É sabido que a contração da política monetária afeta o consumo, a produção e o emprego. Constata-se que a preocupação em conter a inflação prevaleceu como o principal critério para a adoção da recente decisão do Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central, de elevar a taxa básica de juros (Selic) de 9,5% para 10% ao ano. Assim, o Brasil, com uma taxa de 4,1% ao ano, retomou a primeira posição no ranking mundial dos países que pagam as mais elevadas taxas de juros reais. A China, com 3,1% ao ano , e o Chile, com 2,8%, ocupam a segunda e a terceira posição nesse ranking. Acendeu, assim, uma luz de alerta nos indicadores da economia brasileira, visto que, mesmo num ritmo mais lento, novos aumentos de taxas de juros deverão ocorrer no próximo ano.
É importante ressaltar que o aumento das taxas de juros é apenas um reflexo de um país que não tem sido capaz de viabilizar o aumento de sua competitividade e produtividade, notadamente pela incapacidade dos governantes e políticos de promover reformas estruturais básicas, de uma administração pública débil e da ausência de políticas públicas de educação consistentes. Os efeitos dessas medidas e ações, por sua vez, somente produzem efeitos em longo prazo. É sobre esses aspectos que tratarei a seguir.  
A frustração com os indicadores de crescimento da economia brasileira neste final de 2013, o que tem levado os principais atores econômicos, internos e externos, a assumir uma postura de retração e de desconfiança, vem contribuindo para aumentar as incertezas em relação ao próximo ano. Permanece imprecisa a percepção dos mercados de como irá ocorrer o processo de desaceleração da economia chinesa, a forma e o momento da retirada dos estímulos monetários pelo Banco Central dos Estados Unidos, e a constatação de que a retomada de crescimento das economias dos países da Zona Euro vai permanecer lenta. Esse cenário adverso sinaliza que o Brasil, cuja economia está integrada fortemente ao mercado mundial, também irá enfrentar enormes dificuldades econômicas em 2014.
Merecem destaque em nível externo, também, os relatórios recentes, e nada animadores, elaborados pelos organismos multilaterais, como por exemplo, o Fundo Monetário Internacional (FMI). Constata-se que o Fundo vem reduzindo, de forma sistemática, as projeções de crescimento da economia mundial para 2014, impactando em particular nos países emergentes. A queda no desempenho da economia chinesa prevista para 2013 e 2014 vai continuar prejudicando os países que exportam commodities (matérias-primas) para aquele país asiático, notadamente o Brasil.
No cenário interno, estão se configurando as projeções desfavoráveis em relação ao desempenho da balança comercial do país (importações/exportações); bem como do déficit em transações correntes, que poderá alcançar US$70 bilhões no final deste ano. Como o governo não promoveu um ajuste fiscal que levasse a uma contenção efetiva dos gastos públicos em 2013, dificilmente isso vai se concretizar no próximo ano, em função da eleição em outubro do próximo ano. Assim, o Banco Central vai precisar continuar elevando as taxas de juros. Constata-se, ainda, que a população ocupada está crescendo pouco, e os jovens estão participando menos do mercado de trabalho. Nesse debate é oportuno analisar, ainda, o tamanho da dívida pública brasileira, que encerrou em 2013 com mais  de R$ 2,2 trilhões. O pagamento dos juros dessa dívida é coberto pelo superávit primário (diferença entre receitas e despesas nas contas fiscais), o que impõe um significativo esforço dos governos de contração das despesas públicas.
Na medida em que o atual governo continue se mostrando incapaz de conter as despesas públicas, a única alternativa disponível seria um aumento das receitas públicas, por meio da elevação da tributação. Esse é um caminho minado, diante dos efeitos negativos que a elevação da carga tributária poderia produzir em termos políticos e econômicos.
A prática de empregar uma “contabilidade criativa”, ou seja, utilizar métodos questionáveis para elevar o superávit primário e a balança comercial, além de facilitar o aumento da dívida bruta sem mexer na dívida líquida, levando o país para uma política fiscal expansionista, também estão contribuindo para afetar o cenário descrito. A decisão de adotar uma política de contenção de preços dos combustíveis para reduzir a inflação, o que está agravando a situação de caixa da Petrobras, também se mostra como um fator que aumenta a desconfiança do mercado.
O cenário sombrio da economia brasileiro que se vislumbra em 2014 tem na sua origem os sistemáticos equívocos na gestão da política econômica, notadamente das políticas fiscal e monetária, e de estratégias contraditórias, agravada pela postura intervencionista do governo na economia, que não foi compreendida pelos agentes econômicos.
Pois projeta-se um crescimento pífio de 2,3% para o PIB. Será ano de Copa, muitos feriados, incertezas e Eleição. Que Deus nos ajude a passar 2014 para 2015. Dos BRICS somos os mais feios, pois temos altas taxas e encargos, fora um sistema corrupto e insegurança.
As empresas estão indo para a Índia e China...